MUROS: UM
SÍMBOLO DO MEDO
UNB/2019
ID: EZG
ATENÇÃO:
Nesta prova, faça o que se pede, utilizando, caso deseje, o espaço indicado
para rascunho. Em seguida, escreva o texto na folha de texto definitivo da
Prova de Redação em Língua Portuguesa, no local apropriado; não serão avaliados
fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Respeite o limite máximo de
linhas disponibilizado; fragmento de texto além desse limite será
desconsiderado. Na folha de texto definitivo da Prova de Redação em Língua
Portuguesa, utilize apenas caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em
material transparente.
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O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em
celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demônios. Os anjos,
quando chegaram, já era para me guardarem. Os anjos atuavam como uma espécie de
agentes de segurança privada das almas.
Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e
realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os
desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças
sempre foi praticada, não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os
fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que
estamos mais seguros em ambiente que reconhecemos.
Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria
mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha
língua, da minha cultura e do meu território. O medo foi, afinal, o mestre que
mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me
a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo. No horizonte, vislumbravam-se
mais muros do que estradas.
Nessa altura algo me sugeria o seguinte: que há, neste mundo, mais medo
de coisas más do que coisas más propriamente ditas.
(COUTO, Mia. “Murar o Medo”. Disponível em: <www.miacouto.org>.)
(...)
Faremos
casas de medo,
Duros
tijolos de medo,
Medrosos caules,
repuxos,
Ruas só de
medo, e calma.
E com asas
de prudência
Com
resplendores covardes,
Atingiremos
o cimo
De nossa
cauta subida.
O medo com
sua física,
Tanto
produz: carcereiros,
Edifícios,
escritores,
Este poema,
Outras
vidas.
(...)
O medo, Carlos Drummond de Andrade.

Muro que
separa Espanha e Marrocos.
(<www.pragmatismopolitico.com.br>)

Muro que
separa Coreia do Norte e Coreia do Sul. Internet:
<www.pragmatismopolitico.com
.br>.

COMANDO: Considerando
que os textos, as manchetes de jornais e as imagens apresentadas têm caráter
unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padrão da língua escrita,
um texto expositivo-argumentativo sobre o seguinte tema:
MUROS:
UM SÍMBOLO DO MEDO