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EM - PERFIL - MODELO UFU - CLARICE LISPECTOR
UFU - PERFIL
CLARICE LISPECTOR
PERFIL
– MODELO UFU
ID: FRT
Leia
com atenção todas as instruções:
.
Se for o caso, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o
aspecto da situação que você pretende abordar.
. Se a estrutura do gênero exigir assinatura, escreva, no lugar da assinatura,
JOSÉ ou JOSEFA.
.
Em hipótese nenhuma escreva seu nome, nem pseudônimo, nem apelido.
.
Utilize trechos dos textos motivadores, parafraseando-os.
. Não
copie trechos dos textos motivadores.
Leia
o texto abaixo:
“Não escrevo para agradar ninguém”, repetiu Clarice
Lispector inúmeras vezes, sempre que alguém se queixava de não entender o que
ela queria dizer em suas obras. Sempre teve certeza de que se dedicaria a
escrever, e de fato atuou não só como escritora, mas também como jornalista,
escrevendo artigos de opinião, de cozinha e de moda. Lispector desejava ser
considerada uma mulher normal, e aparentemente era, como mãe de dois filhos,
esposa e cidadã de classe média. Entretanto, destacava-se em tudo, porque não
era normal em nada do que fazia, e sim uma artista genial, impossível de
enquadrar, reconhecida em seus círculos íntimos e nos ambientes literários do
Brasil, mas quase nada no exterior, apesar de ter viajado muito durante seu pouco
mais de meio século de vida. Clarice Lispector é considerada, junto com
Guimarães Rosa, a grande escritora brasileira da segunda metade do século XX,
graças ao seu estilo, entre a poesia e a prosa. Não se parecia com ninguém, e
sua visão não recorda nenhum movimento, embora pertença à terceira fase do
modernismo brasileiro, da chamada Geração de 45.
Chaya Pinkhasovna Lispector foi o nome que recebeu
ao nascer, em 10 de dezembro de 1920, na localidade ucraniana de Chetchelnik.
De origem judaica, foi a terceira filha de Pinkhas e Mania. Seu nascimento
motivou uma pausa no caminho de fuga da família numa época de fome, caos e
perseguição racial. Seu avô foi assassinado, sua mãe foi estuprada, e seu pai
foi exilado, sem dinheiro, para o outro lado do mundo. No ano seguinte ao
nascimento de Clarice, toda a família fugiu. Mais tarde, em 1922, para Maceió,
onde alguns parentes já estavam. Ao chegar ao Brasil, Chaya recebeu seu novo nome:
“Clarice”. A mãe dela, que tinha sido estuprada durante a Primeira Guerra
Mundial e contraíra sífilis, morreu 10 anos depois. No Brasil, seu pai, um
homem inteligente e liberal, sobrevivia vendendo roupas e mal conseguia
sustentar a família. Quando Clarice tinha cinco anos, a família se mudou para o
Recife, e aos 10 foi para o Rio. Graças a esse empenho do chefe da família,
Clarice continuou sua educação até muito além do que era habitual mesmo para as
meninas economicamente mais favorecidas, entrando num dos redutos da elite, a
Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. Ali, na escola de leis, não
havia judeus, e só três mulheres. Mas seus estudos de Direito deixaram poucas
marcas na futura escritora, porque seu sonho ela perseguia nas redações dos
jornais da então capital brasileira, onde sua beleza e seu brilhantismo já
deslumbravam, com seus traços asiáticos, as maçãs do rosto salientes e os olhos
um pouco rasgados. Era, além disso, uma jovem culta, que conhecia e lia com
assiduidade os autores nacionais e estrangeiros de maior relevância, como
Machado de Assis, Rachel de Queiroz, Eça de Queiroz, Jorge Amado e Fiodor
Dostoievski. Aos 21 anos publicou Perto do Coração Selvagem, obra que escrevera
aos 19 e que lhe valeu o prêmio Graça Aranha de melhor romance. Em 1943,
Clarice Lispector se casou com um homem católico, algo raro naquele momento no
Brasil. Tratava-se do diplomata Maury Gurgel Valente, que ela conheceu enquanto
estudava Direito. No final daquele ano, o casal começou a viajar, por isso em
pouco tempo ela não só tinha deixado a sua família, a sua comunidade étnica e
seu país, mas também sua profissão, o jornalismo, no qual tinha uma reputação
em alta. Durante 15 anos, até que se separaram, em 1959, Clarice levou uma vida
tediosa de esposa perfeita, mas sempre saudosa do Brasil. Sua primeira viagem
foi a Nápoles em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, como voluntária em
hospitais para ajudar pracinhas brasileiros feridos. Em 1946 publicou seu
segundo romance, O Lustre, e nos cinco anos seguintes a escritora viajou
inumeráveis vezes da Inglaterra a Paris, até que, finalmente, a família se
instalou em Berna, onde nasceu seu filho, Pedro.
Clarice nunca encontrou seu lugar fora do Brasil e
era propensa à depressão, mas na verdade foi graças a seu marido que conseguiu
escrever, já que sua origem imigrante a tornou menos permeável às ideias da
sociedade brasileira, e seu casamento foi um passo à frente em termos
econômicos, porque nunca foi rica, mas tampouco teve que trabalhar em nada além
de escrever. Era esposa e mãe, mas tinha ajuda em tempo integral para se
dedicar a escrever, e podia fazê-lo num cômodo só para si.
Os temas tradicionais e cotidianos que tinham a ver
com as mulheres, a maternidade, o cuidado com casa e os filhos – tudo isso já
havia sido escrito antes, mas ninguém escrevera como ela. Talvez essa
necessidade de ir além tenha significado para Clarice um novo idioma, com uma
gramática estranha. Mas outra parte de sua estranheza no estilo e na forma
podem decorrer da sua necessidade de inventar e transmitir sensações além dos
fatos. Quem lê suas histórias do começo ao fim se vê afetado por uma busca
linguística incessante e uma instabilidade gramatical que impedem uma leitura
muito veloz e que às até dificulta uma compreensão imediata.
No final da década de 60, Clarice publicou no
Jornal do Brasil alguns artigos mais pessoais nos quais se retratava de maneira
íntima e que fizeram dela um nome popular, a tal ponto que seu cão Ulisses, que
aparecia nesses relatos, se tornou uma lenda na cidade, como um dos poucos elos
com a realidade brasileira, já que ela praticamente não falava de temas locais
ou nacionais. Mas a escritora continuou sendo um enigma inexpugnável, que
respondia com monossílabos à imprensa ou não se apresentava nas entrevistas, o
que também aumentou sua lenda de artista e quase de mito. Como se sua ansiedade
e tendência à depressão fossem pouco, um fato intensificou essa parte de sua
personalidade. Em 1966, a escritora dormiu com um cigarro aceso, e seu quarto
ficou destruído. Ela sofreu queimaduras em grande parte de seu corpo e passou
vários meses internada. Sua mão direita, muito afetada, quase teve que ser
amputada e jamais recuperou a mobilidade anterior. O acidente afetou seu estado
de ânimo, e as cicatrizes e marcas no corpo lhe causaram contínuas depressões.
Clarice Lispector morreu na capital fluminense em 9
de dezembro de 1977, na véspera de completar 57 anos, vítima de um câncer. Sua
despedida no hospital, a uma enfermeira, foi: “Morre meu personagem!”, talvez a
melhor definição de sua literatura. Foi enterrada dois dias depois no cemitério
do Caju, pelo rito judaico ortodoxo, envolta em linho branco. Sua lápide,
simples, leva seu nome hebraico: Chaya Bat Pinkhas, que significa “Chaya, filha
de Pinkhas”.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/10/cultura/1544426497_594113.html, adaptado
A
partir do texto motivador, escreva o PERFIL da escritora CLARICE LISPECTOR.