O recorte da entrevista de José Moran, professor da
Universidade de São Paulo, é a base para sua CARTA DO LEITOR:
O que é um projeto de vida?
José Moran: É um roteiro ativo que cada pessoa pode
elaborar para orientar sua vida. Vai além da escola e ajuda a propor perguntas
fundamentais, a buscar respostas possíveis, a fazer escolhas e a avaliar
continuamente o percurso. Gerenciar a própria vida é uma das competências que
os estudantes precisam desenvolver, de acordo com as diretrizes atuais da
educação básica. Eles devem refletir sobre seus desejos e objetivos, aprendendo
a se organizar, a estabelecer metas, planejar e perseguir seus projetos, assim
como também compreender o mundo do trabalho e seus impactos na sociedade. Ele é
um caminho importante para crianças e jovens encontrarem sentido naquilo que
aprendem dentro e fora da unidade escolar.
Quais os passos para desenvolvê-lo nas escolas?
Moran: Primeiramente, é se conscientizar de que o
projeto de vida é um componente coerente com as diretrizes da Base Nacional
Curricular Comum (BNCC) e que envolve todos os responsáveis pela educação. Um
segundo passo é acompanhar instituições de ensino que já estão implantando
propostas concretas de aprendizagem ativa, por competências, principalmente as
de tempo integral. A forma mais rápida é criar oficinas, disciplinas optativas
ou módulos de autoconhecimento, criatividade, resolução de problemas,
comunicação, empreendedorismo, gestão do tempo e orientação de estudos. Os
projetos integradores podem explicitar habilidades e competências cognitivas,
socioemocionais e valores desejados. Todos os professores podem contribuir para
que o aluno se conheça melhor. (...)
Quais os desafios presentes nessa tarefa?
Moran: Trabalhar as competências pessoais de forma
personalizada, com algum tipo de tutoria, além da dificuldade dos docentes
sobrecarregados de aulas para poder ter um salário decente. Isso dificulta a
preparação e o acompanhamento dessas atividades. Um desafio profundo é mostrar
para crianças e jovens que vale a pena desenvolver um projeto de vida com
valores como honestidade, num contexto que mostra exemplos de corrupção, de
vantagens ilícitas, de discriminações de pessoas pobres e vulneráveis.
https://www.institutoclaro.org.br/educacao/nossas-novidades/reportagens/ajudar-aluno-a-desenvolver-projeto-de-vida-torna-aprendizagem-mais-significativa-diz-jose-moran/,
com adaptações
CONTEXTUALIZAÇÃO E COMANDO: Imagine que, depois de
lida a entrevista do professor Moran, você decida enviar uma CARTA DO LEITOR ao
editor-chefe do jornal em que foi veiculada a entrevista, propondo estratégias
para que possam ser superados os desafios para “mostrar a crianças e jovens
que vale a pena desenvolver um projeto de vida com valores como honestidade, num
contexto que mostra exemplos de corrupção, de vantagens ilícitas, de
discriminações de pessoas pobres e vulneráveis”, ressalvando-se que "os desafios" foram apenas mencionados pelo entrevistado.
Só para lembrar...
A CARTA DO LEITOR (ou CARTA
AO EDITOR) é o gênero textual que permite o diálogo entre leitor e editores de
jornais e revistas – em tais veículos de comunicação é comum haver um espaço
reservado para essa interlocução. Por meio da carta, o leitor manifesta sua
opinião acerca de matéria veiculada, geralmente, em edições recentes. A CARTA
DO LEITOR pode, ainda, elogiar a edição, registrar um protesto acerca do
assunto, sugerir a tomada de medidas ou decisões etc.
COMO FAZER?
Ainda que comumente não vejamos a moldura da CARTA DO LEITOR nos jornais e revistas – isso por economia de espaço – a estrutura é maleável, e deve contemplar: local, data, vocativo, síntese do assunto (quem ler a carta deve saber do que se trata, sem depender da matéria base da Carta do Leitor), dados da publicação da matéria (pág. XX, edição de nº XX), discussão/impressões do leitor, despedida e identificação/assinatura do emissor.
Não contém título e geralmente é conduzida na 1.ª pessoa do singular.
Quando o enunciado da proposta não trouxer um limite, a CARTA DO LEITOR deve ser escrita em, aproximadamente, 20 linhas.
MUITA ATENÇÃO: A CARTA DE
LEITOR é, preferencialmente, endereçada ao editor do jornal ou da revista, e não ao autor da
matéria sobre a qual o leitor vai escrever. Comece assim: “A abordagem
sobre..., da edição n.º..., foi oportuna. Entretanto, faltou...; Com razão...”.