A menina que fez a América: crítica social

Leia os seguintes trechos de “A menina que fez a América”:

Trecho I

“O compadre, que já conhecera o Brasil numa outra viagem, explicou-me:

- São africanos. Estão carregando o navio com café e bananas, produtos do país.

Olhei mais espantada ainda. Na escola, eu havia aprendido com dona Emília que havia diferentes raças no mundo. Mas nunca vira lá na aldeia ninguém de pele vermelha ou amarela. Muito menos negra, embora os calabreses descendentes de sarracenos, que invadiram a terra muitos e muitos séculos atrás, fossem bem escuros.

O compadre continuava:

- Antigamente eles trabalhavam nas fazendas como escravos dos senhores de terra. Hoje são livres. E o trabalho que eles faziam na lavoura está sendo feito agora pelos imigrantes.

Dúvidas me fizeram coçar a cabeça. E eu já estava pronta para perguntar se liberdade era carregar sacas de café e cachos de banana como burros de carga ou se imigração era um outro tipo de escravidão, quando o compadre interrompeu meus pensamentos.”

LAURITO, Ilka Brunhilde. A menina que fez a América.

Trecho II

“Esta é a nossa casa – indicou Vicenzo Laurito, apontando a porta de entrada ao fundo do corredor estreito. – Esse aí embaixo é o cortiço – completou, indicando a escadaria.

Eu conhecia a pobreza do Velho Mundo, mas não sabia das misérias do Novo... Por isso ouvi incrédula meu padrasto dizer que, naqueles quartinhos abaixo do soalho de nossa casa, moravam muitos negros sem recursos, muitos imigrantes sem dinheiro e até uma velha índia desgarrada da tribo.

Fiquei olhando aquele povo com o qual eu iria conviver dali em diante. Brancos, negros, índios. Sim, agora eu tinha certeza de que estava no Brasil. Mais certeza ainda eu tinha de que ali, em terra firme, também existia uma terceira classe, como no navio.”

LAURITO, Ilka Brunhilde. A menina que fez a América.

Crie uma página de diário pela perspectiva crítica da menina Fortunatella, explorando o que ela viu ao viver no Brasil da época, levando em consideração os aspectos destacados pela narradora nos trechos indicados.  

Seu texto deve ter entre 25 e 30 linhas.