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UNIFESP 2022 - DERRUBAR MONUMENTOS?
UNIFESP
UNIFESP –2022
DERRUBAR MONUMENTOS?
ID: GK1
TEXTO 1
Monumento: 1. obra construída com a finalidade de perpetuar a memória de
pessoa ou acontecimento relevante na história de uma comunidade, nação etc. 2.
qualquer edificação de grande estatura, cujas dimensões, estética, imponência despertam
admiração.
Dicionário eletrônico
Houaiss da língua portuguesa.
TEXTO 2
Nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da
barbárie.
Walter Benjamin. “Sobre
o conceito da História” [1940].
Magia e técnica, arte e
política, 1994.
TEXTO 3
Foram precisos poucos segundos para que a estátua do traficante de
escravos Edward Colston em Bristol, no Reino Unido, fosse laçada por uma corda
e derrubada de seu pedestal, em 9 de junho de 2020. Colston foi apenas um dos
muitos que tombaram. Estátuas do navegador Cristóvão Colombo, o “descobridor
das Américas”, foram desmanteladas de Baltimore a São Francisco, de Boston a
Richmond. Em Baltimore, aliás, discute-se rebatizar o Dia de Cristóvão Colombo
(12 de outubro) de “Dia dos Povos Indígenas”. Como um dominó, monumentos de
colonizadores caíram em Londres, Paris, Bruxelas. Uns foram simbolicamente
decapitados; outros, grafitados e banhados em tinta vermelha, para lembrar a
violência da escravidão e o genocídio dos povos originários das terras
colonizadas. Em Lisboa, a palavra “descoloniza” foi pichada na estátua do padre
português Antonio Vieira, da Companhia de Jesus, que catequizou os indígenas no
Brasil colonial (1530-1822). Em São Paulo, a estátua do bandeirante Borba Gato
balançou a internet, mas não desmoronou: reacendeu discussões sobre o destino desses
marcos, símbolos de um passado colonial que continua vivo até hoje.
Juliana Sayuri e Larissa
Linder. “Desejo e reparação: como acertar as contas com o passado?”
https://tab.uol.com.br.
Adaptado.
TEXTO 4
Monumentos nem sempre são salvaguardas da história. Eles dizem mais
respeito à mentalidade do contexto de suas criações, às negociações políticas e
do direito à memória, que à missão de substitutos do ofício próprio dos
historiadores. Sua natureza estática, contrária ao dinamismo dos processos
sociais, pode gerar o efeito contrário, congelando no espaço representações de
personagens e eventos que o acúmulo de pesquisas históricas, com o tempo,
descreditaram (sic) como falsas, impróprias. Quando toleramos a perpetuação de
imagens de colonizadores, escravistas e bandidos em geral em nossas vias, é
sinal que esses espaços não são tão públicos assim; é indício forte de que
privilegiamos a memória de alguns personagens em detrimento de outros.
Hélio Menezes.
“Monumentos públicos de figuras controversas da história deveriam ser
retirados? SIM”.
www.folha.uol.com.br,
19.06.2020. Adaptado.
TEXTO 5
Erguer monumentos que enaltecem líderes políticos e personagens
históricos é uma prática antiga no mundo ocidental. Rememorar é a razão por que
tais evocações em metal e pedra foram erguidas. Esquecer pode ser a saída para
sua sobrevivência polêmica e incômoda? Destruir essas imagens ou remover seus
fragmentos para museus eliminaria uma presença desafiadora, que pode e deve
servir para discutir o perigoso poder das imagens e da mitificação de
personagens históricos nas sociedades contemporâneas. A cúpula Genbaku (o único
prédio que permaneceu em pé perto do local onde a primeira bomba atômica explodiu),
em Hiroshima, os campos de concentração de Auschwitz e o cais carioca do
Valongo (o principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil) são
construções que permanecem como lembrança do que não se pode repetir e do que
jamais pode ser esquecido. Esculturas públicas — quase todas homenageando
personagens que guardam em sua biografia dubiedades éticas — sugerem um igual
desafio. Mantê-las é permitir uma chaga aberta com o poder de provocar a
consciência permanentemente.
Paulo César Garcez
Marins. “Monumentos públicos de figuras controversas da história deveriam ser
retirados? NÃO”.
www.folha.uol.com.br,
19.06.2020. Adaptado.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos,
escreva um Texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da
língua portuguesa, sobre o tema: “Derrubar monumentos? Os dilemas entre
relembrar e apagar o passado.”