O colégio em que você estuda decidiu lançar um
projeto de educação antirracista. Antes de elaborar tal projeto, a direção
resolveu escutar estudantes, familiares, professoras/es e funcionárias/os sobre
a questão da discriminação racial no espaço escolar. Solicitou, então, que cada
um desses membros da comunidade escolar enviasse um depoimento, a ser mantido
em sigilo. Decidida/o a contribuir com esse projeto e compartilhar a sua
experiência como estudante do terceiro ano do ensino médio, você enviará o seu
depoimento, no qual deve:
a) declarar como se identifica racialmente;
b) relatar se já presenciou, cometeu ou sofreu
algum ato de racismo dentro do colégio e
c) explicar como a diversidade étnico-racial é
tratada nesse espaço escolar: no currículo, ou nos conflitos cotidianos, ou na
contratação de professoras/es, ou na presença de alunas/os negras/os.
Seu texto deve, obrigatoriamente, levar em
conta a coletânea a seguir.
1. Antirracismo: postura, sentimento,
movimento, conceito de oposição ao racismo.
(Dicionário Caldas
Aulete. Disponível em https://www.aulete.com.br/antirracismo. Acesso em
01/09/2022.)
2.
3. “As escolas trazem o racismo como uma
questão entre duas pessoas, confundindo-o com bullying. Não o enxergam como um
sistema que se retroalimenta e se reinventa”, explica Ednéia Gonçalves,
diretora-executiva adjunta da Ação Educativa. Pensar uma educação antirracista
envolve tratar da relação entre duas pessoas, mas também de permitir que todos tenham
sua identidade e história acolhidas no espaço escolar. E o processo de
acolhimento e de reconhecimento das identidades requer que a escola repense
todas as suas dimensões: curricular, formativa, de atendimento, avaliação,
material didático, arquitetura e rotina. Se a escola não tiver um trabalho
constante, sério e intencional de autoestima, autocuidado, de valorização da
cultura negra, vai ser muito difícil as pessoas se identificarem como negras.
As escolas estão avançando, mas o racismo aparece muito nas dobras. Quando você
esgarça, ele pula”, alerta Ednéia.
(Adaptado de Como pensar
a construção de uma educação antirracista. Centro de Referências em Educação
Integral, 11/06/2019.)
4. Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino
fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o
ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere
este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos
étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos
negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e
o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas
contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do
Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos
indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar,
em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história
brasileiras.
(Adaptado de BRASIL.
Palácio do Planalto. Lei nº 11.645, de 10/03/2008, que altera a Lei nº 9.394,
de 20/12/1996, modificada pela Lei n° 10.639, de 09/01/2003.)
5. “Há quase uma ausência do debate racial no campo
da Educação. E esse silêncio nos leva a acreditar no mito da democracia racial.
Mas os números revelam que não é assim”, explicou Iara Pires Viana, geógrafa e
gestora da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais. Segundo ela, há uma
relação intrínseca entre as desigualdades raciais e o direito de aprender. Iara
defende que o papel da Educação para não reproduzir o racismo é o de denunciar
a pedagogia das ausências, isto é, o racismo epistêmico, marcado em todo o
processo de formação. Promover uma educação antirracista vai muito além de simplesmente
combater as manifestações materiais do racismo cotidiano, como ofensas e
xingamentos.
Apesar de positivas, essas medidas não bastam
para a construção de uma educação efetivamente inclusiva e equânime. A educação
antirracista implica necessariamente a revisão do currículo, garantindo sua
pluriversalidade, bem como a composição de um corpo docente etnicamente
diverso.
(Adaptado de O papel
central da escola no enfrentamento do racismo. Portal Geledés, 18/09/2020.)