UNICAMP 2023 - TEXTO DE CONVOCAÇÃO - ARMAS DE FOGO
UNICAMP
UNICAMP – 2022/2023
REDAÇÃO 1 – CONVOCAÇÃO – ARMAS DE FOGO
REDAÇÃO 2 – DEPOIMENTO – RACISMO ESCOLAR
ABAIXO, REDAÇÃO 2
ID: HB5
Uma amiga sua de escola foi vítima de um
disparo acidental por arma de fogo, realizado por uma pessoa que havia obtido
porte de colecionador de armas com base nos Decretos Federais 9.846/2019 e
10.627/2021. Um ano após a morte de sua amiga, você foi informada/o de que um
grupo de empresários de seu bairro inauguraria um clube de tiro perto da sua
casa. Preocupada/o, você decidiu convocar uma reunião com a associação de
moradores do seu bairro para discutirem providências a serem tomadas.
No seu texto de convocação, você deve:
a)
destacar os perigos que envolvem a abertura de um clube de tiro em seu bairro;
b) apresentar argumentos contrários à posse e ao porte de armas de fogo; e, de
modo mais amplo,
c) criticar uma política de segurança pública baseada no
armamento da população brasileira.
Seu texto deve, obrigatoriamente, levar em
conta a coletânea a seguir.
1. Dados do Exército Brasileiro mostram que,
entre janeiro de 2019 e maio de 2022, surgiram 1.006 clubes de tiro no Brasil.
É quase um clube de tiro inaugurado por dia, totalizando mais de 2 mil espaços
como estes em todo o país. Paralelamente, números divulgados pelo Anuário de
Segurança Pública apontam um crescimento de 474% no número de pessoas que
conseguiram o Certificado de Registro – documento emitido pelo Exército –, que
dá direito ao cidadão de exercer atividades como Caçador, Atirador e
Colecionador, os chamados CACs. Essa autorização também inclui transitar com a
arma no percurso entre a casa e o clube de tiro. A abertura de clubes de tiros
interessa ao setor econômico da indústria armamentista, composta por indústrias
de armas, empresários de clubes, atiradores, influenciadores digitais,
instrutores e todos que defendem o uso da arma de fogo. Muitos desses
estabelecimentos também trabalham com a venda de armas e auxiliam o interessado
com a documentação exigida para tirar o porte de arma.
(Adaptado de SOBREIRA, Amanda.
Como a política de armas de Bolsonaro facilita crimes e arsenais como o de
Roberto Jefferson. Brasil de Fato, 29/10/2022.)
2. O Instituto Sou da Paz aponta que,
atualmente no Brasil, mais de 880 mil armas de fogo estão nas mãos de CACs. A
lei em vigor permite que os atiradores comprem até 60 armas, sendo que 30 de
uso restrito, como fuzis, além da compra anual de até 180 mil balas. Já os
caçadores podem comprar até 30 armas, 15 delas de uso restrito e até 6 mil
balas. Para os colecionadores, a legislação não impõe limite numérico.
(Adaptado de DEISTER,
Jaqueline. O que os últimos homicídios cometidos por policiais significam no
debate sobre armamento? Brasil de Fato, 20/07/2022.)
3. “Ter uma arma triplica o risco de
suicídio”, salienta David Hemenway, professor de saúde pública da Universidade
de Harvard. Várias de suas pesquisas concluíram que estados onde há mais lares
com armas têm taxas de suicídio mais altas, particularmente suicídios por armas
de fogo. A diferença seria explicada pelo acesso mais fácil ao armamento, já
que não havia nessas residências problemas de saúde mental ou casos de
pensamentos suicidas acima da média. Em análises da relação entre
disponibilidade de armas de fogo e mortes não intencionais, homicídios e
suicídios de mulheres e crianças, o professor Hemenway concluiu que em estados
com mais armas há mais mortes violentas nesses grupos. Outra análise,
comparando 25 países de renda alta, revelou que, onde há mais armas, há mais
homicídios de mulheres, com os Estados Unidos da América no topo da lista.
(Adaptado de CORRÊA,
Alessandra. Armas são eficazes para defesa pessoal? Por que este professor
americano sustenta que esse discurso é mito. BBC News Brasil, 18/09/2018.)
4.
5. A organização criminosa PCC
(Primeiro Comando da Capital) tem utilizado os decretos do presidente para
adquirir legalmente armas de fogo. A política facilita a compra de armamento
para quem se registra como colecionador, atirador ou caçador, apelidados de
CACs. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, criminosos da facção têm
usado tal nomenclatura para as compras. Os equipamentos foram comprados com
autorização da lei atual – alguns por meio de “laranjas”, pessoas que adquirem
as armas para o grupo, mas também por criminosos com extensa ficha criminal.
(Adaptado de Notícias Uol – São Paulo. PCC utiliza
política dos CACs de Bolsonaro para comprar armas, diz jornal. 25/07/2022.)
6. O Instituto de Segurança Pública concluiu que o combate à
criminalidade se dá com novas formas de atuação das polícias, principalmente no
que tange às ações de inteligência e estrutura (armamento, viaturas, coletes,
contingente, informatização). Tais mecanismos, até então utilizados pelo estado
de São Paulo, ilustram o combate à criminalidade através de políticas de
segurança e de políticas públicas sociais.
(Adaptado de CAPEZ, Fernando. Controvérsias
jurídicas. Segurança pública e armamento da população civil. Consultor
Jurídico, 14/04/2022.)