UNICAMP 2022 - MANIFESTO - CORTE DE VERBAS DESTINADAS ÀS CIÊNCIAS
UNICAMP
MANIFESTO CORTE DE VERBAS NAS CIÊNCIAS
UNICAMP 2022
PROPOSTA 2
ID: GG6
Você é um/a jovem que está cursando o seu segundo
ano de graduação em Geografia, na Unicamp. Entusiasmado/a com a possibilidade
de estrear na pesquisa acadêmica, você submeteu seu projeto de Iniciação
Científica (IC) para uma agência brasileira de fomento à pesquisa. Após análise
da comissão avaliadora, seu projeto de pesquisa foi aprovado por mérito, mas
não obteve o financiamento desejado. Motivo: o corte de verbas no orçamento
destinado à ciência e à pesquisa no Brasil em 2021.
Você, que tem se mostrado um/a universitário/a
brilhante, com um currículo invejável, sente-se indignado/a com a impossibilidade
de desenvolver sua pesquisa científica sem o necessário investimento. Decide,
então, se unir a outros jovens pesquisadores brasileiros que vivenciaram a
mesma experiência frustrante para escrever um MANIFESTO, de autoria coletiva, a
ser lido na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC).
Nesse texto, vocês:
a) apontam o corte de verbas destinadas à ciência e
à pesquisa no Brasil,
b) denunciam os consequentes prejuízos desses
cortes e
c) convocam a comunidade científica para o repúdio
a essa política de sucateamento da ciência e da pesquisa em curso no Brasil
atual.
Iniciação Científica (IC) é uma modalidade de
pesquisa acadêmica desenvolvida por alunos de graduação nas universidades
brasileiras em diversas áreas do conhecimento. Os alunos desenvolvem seu
projeto de pesquisa (coletivo ou individual), acompanhados por um professor
orientador, que pode estar ligado ou não a um laboratório de pesquisa ou a algum
centro de pesquisa financiador (por exemplo: CAPES, CNPq, PIBIC, FAPESP etc.).
Desde 2016, o valor da bolsa de iniciação científica varia de R$ 400 a R$ 700
mensais aproximadamente, a depender da agência de fomento.
(Adaptado de https://pt.m.wikipedia.org.
Acessado em 25/10/2021.)
Para escrever seu manifesto, leve em conta a
coletânea de textos a seguir:
1. A bióloga Thabata Cavalcanti dos Santos, 27
anos, faz mestrado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela ingressou no
curso em 2021, ciente das dificuldades que iria encontrar em tempos da pandemia
da Covid-19, mas não achou que seria tão difícil a ponto de pensar em desistir.
A estudante sabe que sua trajetória profissional é fruto de anos de investimento
de recursos públicos. Foi aluna da escola pública e entrou na universidade por
meio da lei de cotas. “Sempre agarrei as oportunidades com todas as minhas
forças. Mas vejo que o que demorou anos e anos para o país construir, na área
de ciências, está sendo destruído na canetada por um Governo”, afirma. Sem
incentivo financeiro para pesquisa, ela não consegue vislumbrar um futuro.
Relatos como o de Thabata Santos são comuns hoje na área de ciências do Brasil.
“Hoje formamos profissionais para trabalhar no exterior”, lamenta Denise
Freire, pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Freire lembra que são necessários anos de investimentos
públicos em educação básica, saúde, universidade, mestrado e doutorado. E no
momento em que o profissional está pronto para começar a dar retorno ao país,
ele precisa sair de sua área de atuação em busca de oportunidades. “Temos fuga
de cérebro para trabalhos precarizados. Estamos entregando de mão beijada um
patrimônio nacional.”
(Adaptado de Regiane Oliveira,
Pesquisadores se formam para trabalhar no exterior sob desmonte da ciência
nacional. 08/11/2021. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2021-11-08/pesquisadores-se-formam-para-trabalhar-no-exterior-sob-desmonte-da-ciencia-nacional.html?utm_medium=Social&utm_source=Twitter&ssm=TW_BR_CM#Echo
box=1636379412. Acessado em 21/11/2021.)
2.
(Adaptado de Herton Escobar, Orçamento 2021 condena ciência brasileira a “estado vegetativo”. 29/01/2020. Disponível em https://jornal.usp.br/universidade/politicas-cientificas/orcamento-2021-coloca-ciencia-brasileira-em-estado-vegetativo/. Acessado em 25/11/2021.)
3.
(Disponível em: https://horadopovo.com.br/manifestantesrepudiam-em-todo-o-pais-os-cortes-na-ciencia-feitos-pOrbolsonaro/.
Acessado em 03/12/2021.)
4. Nos últimos anos, a ciência brasileira tem sido
alvo de repetidos cortes orçamentários. Esses cortes ameaçam projetos científicos
e tecnológicos que estão em andamento, como também projetos futuros, o que
inclui o financiamento de bolsas de estudo para jovens pesquisadores que estão
no início da carreira científica. No Brasil, jovens pesquisadores em programas
de mestrado e doutorado ganham, respectivamente, uma bolsa de estudos de R$1.500
e R$2.200 mensais, e esses valores não são ajustados desde 2013. Com a alta dos
preços de produtos e serviços, o poder de compra das bolsas diminuiu em mais de
60%. A maioria dos estudantes depende exclusivamente dessa renda mensal para
manter sua alimentação, saúde, moradia, vestimenta e transporte. Em muitos
casos, ainda dão suporte no sustento da família. Como jovens pesquisadores
brasileiros, nós exigimos suporte financeiro adequado. Se o Brasil não
reavaliar imediatamente seu orçamento para ciência e tecnologia, o país corre o
risco de perder toda uma geração de cientistas brasileiros.
(Adaptado de texto de manifesto
coletivo, intitulado Sobrevivendo como um jovem pesquisador no Brasil.
Traduzido de Surviving as a Young scientist in Brazil. Disponível em: https://www.science.org/doi/10.1126/science.abm8160.
Acessado em 21/11/2021.)