Um levantamento do
Instituto Datafolha divulgado em maio de 2014 apontou que 61% dos eleitores são
contrários ao voto obrigatório. O voto obrigatório é previsto na Constituição
Federal – a participação é facultativa apenas para analfabetos, idosos com mais
de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos. Para analistas, permitir que o
eleitor decida se quer ou não votar é um risco para o sistema eleitoral
brasileiro. A obrigatoriedade, argumentam, ainda é necessária devido ao cenário
crítico de compra e venda de votos e à formação política deficiente de boa
parte da população. “Nossa democracia é extremamente jovem e foi pouco testada.
O voto facultativo seria o ideal, porque o eleitor poderia expressar sua real
vontade, mas ainda não é hora de ele ser implantado”, diz Danilo Barboza,
membro do Movimento Voto Consciente.
O sociólogo Eurico
Cursino, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que o dever de participar
das eleições é uma prática pedagógica. Ele argumenta que essa é uma forma de
canalizar conflitos graves ligados às desigualdades sociais no país. “A
democracia só se aprende na prática. Tornar o voto facultativo é como permitir
à criança para decidir se quer ir ou não à escola”, afirma. Já para os
defensores do voto não obrigatório, participar das eleições é um direito e não
um dever. O voto facultativo, dizem, melhora a qualidade do pleito, que passa a
contar majoritariamente com eleitores conscientes, além de incentivar os
partidos a promover programas eleitorais educativos sobre a importância do
voto.
GOMES, Karina Gomes. “O voto deveria ser facultativo no Brasil?”. Disponível
em: www.cartacapital.com.br, 30.ago.2022. Adaptado.
Texto II
São frequentemente
citados os seguintes indicadores, como termômetro para medir o desencanto dos
eleitores com a política no Brasil: votos brancos e nulos (quando o eleitor vai
às urnas, mas decide não escolher nenhum candidato que está no pleito) e
abstenções (quando o eleitor justifica sua ausência por não ir às urnas). Esses
itens indicam o desencanto, além de darem pistas de que a relação entre
eleitores e candidatos e até entre eleitores e sistema político está em desmoronando.
CHARLEAUX, J. P. Disponível em: https://www.nexojornal;com.br. Acesso em
30.ago.2022. Adaptado.
Texto III
O Brasil tem mais
de cinco séculos de existência e apenas 50 anos de experiência democrática de
massas, posto que o voto – secreto e universal – foi implementado somente na
década de 1930, apesar de excluir, até 1985, a participação nos pleitos
eleitorais dos analfabetos, parte majoritária da população até os anos de 1960.
Diferentemente da primeira experiência democrática de massas (1945-1964),
demarcada por significativa expansão econômica fundamentada no projeto de
industrialização nacional, o ciclo político da Nova República transcorreu numa
etapa de estagnação da renda per capita da população. Na primeira experiência
democrática, o crescimento médio do rendimento dos brasileiros se deu ao redor
de 4% ao ano, ao passo que na Nova República foi inferior a 1% como média
anual. Talvez por isso que, além de ter sido uma experiência democrática
demarcada por uma economia travada diante da desindustrialização nacional, não
tenha conseguido realizar qualquer tipo de reforma profunda na sociedade.
POCHMANN, Márcio. Disponível em: https://www.brasil247.com/blog/reforma-para-um-novo-ciclo-politico.
Acesso em 30.ago.2022.
Texto IV
Charge do Nani. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/wp-content/uploads/sites/13/2018/06/dia-de-eleicao.jpg.
Acesso em 30.ago.2022.
PROPOSTA DE
REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma
padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A importância do voto para
a consolidação de uma sociedade democrática”. Apresente a proposta de
intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.