As
mudanças ocorridas na estrutura do mercado de trabalho oprimem o trabalhador;
oprimem a força que move o capitalismo. Ao permitir a continuidade do
sofrimento hoje instaurado pelas empresas, estaremos diante da falência do
homem enquanto ser social. A saúde psicossocial dos trabalhadores deve ser
valorizada, protegida e preservada. A força produtiva não pode ter sua
subjetividade sufocada pela organização empresarial. O trabalho saudável é meio
de valorização do indivíduo, de subsistência, de realização pessoal, além de
estimular a criatividade e o prazer, conforme aponta Hélcio Luiz Adorno Júnior, advogado, especialista e mestre em Direito do Trabalho. (...) A
doutrina jurídica pouco se ocupa sobre o tema e, praticamente, não há
regulamentação de institutos que auxiliem no combate à exploração da saúde
psicossocial dos empregados pelos detentores dos meios de produção, o que é
intolerável.
O
Japão está preocupado com as consequências para a saúde do excesso de trabalho.
Em 2016, uma pesquisa do governo com 10 mil trabalhadores descobriu que mais de
20% estavam fazendo mais de 80 horas extras por mês. Desde os anos 1960, o país
registra casos de karoshi, ou morte por excesso de trabalho, causada principalmente
por doenças cardíacas e mentais associadas a horas exaustivas no emprego. O
governo reconheceu terem ocorrido 236 karoshis no ano financeiro de 2017. Além
disso, 208 suicídios foram oficialmente considerados karojisatsus, quando um
trabalhador tira a própria vida por problemas mentais que podem ser ligados a
experiências no ambiente profissional. Mas especialistas dizem que essas
estatísticas são apenas a ponta do iceberg. Cerca de 2 mil famílias pedem
indenizações por casos de mortes similares todos os anos. Um estudo de 2017 do
Instituto Nacional Japonês de Segurança e Saúde Ocupacional identificou que
suicídios estão aumentando especialmente entre pessoas com idades entre 20 e 29
anos.
https://www.bbc.com/portuguese/internacional
Texto IV
É preciso
revolucionar o uso do tempo, afirma o filósofo sul coreano Byung-Chul Han,
professor formado e radicado na Alemanha, autor de livros como A Sociedade do
Cansaço, Psicopolítica e A Expulsão do Diferente. “A aceleração atual diminui a
capacidade de permanecer: precisamos de um tempo próprio que o sistema produtivo
não nos deixa ter; necessitamos de um tempo livre, que significa ficar parado,
sem nada produtivo a fazer, mas que não deve ser confundido com um tempo de
recuperação para continuar trabalhando; o tempo trabalhado é tempo perdido, não
é um tempo para nós”.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A
partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da
língua portuguesa, sobre o tema: “O debate em torno da sobrevalorização do
trabalho na sociedade contemporânea”. Apresente proposta de intervenção social
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.