No Brasil contemporâneo, a sanidade mental dos
trabalhadores é alvo de constante ameaça, graças à precarização e à sobrecarga
de trabalho, fenômenos que se intensificaram com a flexibilização das relações
empregatícias e a disseminação da lógica da produtividade a qualquer custo. A
precarização se manifesta em contratos temporários, jornadas excessivas, baixos
salários e falta de garantias trabalhistas, criando um ambiente de insegurança,
o que fragiliza a saúde emocional do trabalhador. A sobrecarga, por sua vez,
decorre da pressão por metas inalcançáveis, do acúmulo de funções e da invasão
da vida pessoal, sobretudo com o avanço do modelo remoto e híbrido. Esse
cenário contribui para o aumento de transtornos mentais, como ansiedade,
depressão e síndrome de burnout, as quais já figuram entre as principais causas
de afastamento laboral no país. O impacto, entretanto, não se limita ao
indivíduo: famílias desestruturam-se diante do sofrimento psíquico de seus
membros, além do que a produtividade cai quando, obviamente, a saúde mental não
é priorizada. Soma-se a isso a dificuldade de acesso a serviços de apoio
psicológico, ainda restritos e caros para grande parte da população. A cultura
do “trabalhar até adoecer” perpetua-se, reforçada por uma visão que naturaliza
a exaustão como sinônimo de dedicação. Romper com esse ciclo exige não apenas
políticas públicas de proteção social e regulação das condições de trabalho,
mas também uma mudança cultural que valorize o equilíbrio entre vida profissional
e pessoal. Nesse sentido, a discussão sobre saúde mental deve deixar de ser um
tabu, para se tornar parte central da agenda nacional, já que a dignidade do
trabalho passa, inevitavelmente, pelo bem-estar do trabalhador.
Gislaine
Buosi, advogada e educadora.
Texto III
Enfrentar os desafios relacionados à dinâmica do
mercado de trabalho depende da construção de um pacto social que referende um
novo projeto político, baseado na ampliação da seguridade social, da proteção
ao trabalho e do acesso à previdência, com financiamento adequado para a
política urbana e que avance na direção da expansão de outras formas de
organização da sociedade. Nas quatro décadas, o mercado de trabalho brasileiro
passou por transformações expressivas que levaram à mudança na composição
setorial do emprego e a uma desestruturação intensa, tanto do ponto de vista
legal/institucional, quanto da qualidade dos postos de trabalho. Isso significou
altos níveis de informalidade, rotatividade e precarização do trabalho além do comprometimento
da renda. Tal realidade levou a uma piora das condições de vida, acirrou o
conflito distributivo nas cidades e afetou fundos relevantes para o
financiamento da política urbana.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A
partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da
língua portuguesa, sobre o tema: “As ameaças à sanidade mental associadas à
precarização e à sobrecarga de trabalho no contexto brasileiro”. Apresente
proposta de intervenção social que respeite os Direitos Humanos. Selecione,
organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.