O surgimento da Aids foi um
fenômeno social e histórico, o qual trouxe diversas dúvidas, mobilizando
sentimentos e preconceitos que influenciaram o imaginário social, nascendo
assim concepções negativas acerca da doença que a estigmatizaram, o que pode afetar
a qualidade de vida dos infectados pelo vírus HIV. A revelação da
soropositividade é um evento crucial tanto na vida do portador, quanto na vida
família e dos amigos. A percepção negativa, a discriminação e a falta de
conhecimento semeiam o sofrimento. O medo do abandono e de julgamento, a
revelação da identidade social, a quebra no padrão de vida, a ‘culpabilização’
individual por ter se infectado, a impotência diante da nova realidade, o
isolamento, a não-adesão ao tratamento, a
revolta e o consumo exagerado de bebida alcoólica são alguns dos aspectos
relacionados a uma doença estigmatizada, oriunda de concepções de uma sociedade
preconceituosa. A estigmatização social causa, entre vários aspectos, impactos
na saúde física e mental dos portadores de HIV/Aids, uma vez que o estresse
tende a baixar a imunidade, tornando o indivíduo mais sujeito à infecção pelo
vírus e ao aparecimento de
doenças oportunistas. Portanto, percebe-se que a saúde coletiva desempenha um
papel fundamental no cuidar desse cliente, desenvolvendo
ações que objetivam a quebra do estigma social, orientando
sobre a doença e o tratamento, explicando o aumento da sobrevida e oferecendo
uma assistência de qualidade ao indivíduo como um todo, respeitando a sua
singularidade numa dimensão biopsicossocial-cultural.
A maioria das pessoas que
vivem com HIV e das pessoas que vivem com Aids no Brasil já passou por pelo
menos alguma situação de discriminação ao longo de suas vidas. É o que indica
um estudo feito com 1.784 pessoas, em sete capitais brasileiras, entre abril e
agosto de 2019. Os dados fazem parte do Índice de Estigma em relação às pessoas
vivendo com HIV/Aids – Brasil, realizado pela primeira vez no país. De acordo
com a pesquisa, 64,1% das pessoas entrevistadas já́ sofreram alguma forma de
estigma ou discriminação pelo fato de viverem com HIV ou com Aids. Comentários
discriminatórios ou especulativos já afetaram 46,3% delas, enquanto 41% do
grupo diz ter sido alvo de comentários feitos por membros da própria
família. O levantamento também evidencia que muitas destas pessoas já
passaram por outras situações de discriminação, incluindo assédio verbal (25,3%), perda de fonte
de renda ou emprego (19,6%) e até mesmo agressões físicas (6,0%). (...) “O Unaids
(Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) tem destacado, a partir de
estudos em todo o mundo, que o estigma e a discriminação estão entre as
principais barreiras para o acesso a serviços de prevenção e testagem para o
HIV. Em relação às pessoas vivendo com HIV/AIDS, a discriminação tem se
demonstrado como um dos grandes obstáculos para o início e adesão ao
tratamento, além de ter um impacto negativo nas relações sociais nos âmbitos
familiar, comunitário, profissional, entre outros”, destacou Cleiton Euzébio
de Lima, diretor interino do Unaids no Brasil. “Os dados desse estudo trazem um
retrato importante e preocupante das situações de discriminação cotidianas a
que estão expostas as pessoas que vivem com HIV/Aids no Brasil.”
Disponível
em: https://unaids.org.br/2019/12/estudo-revela-como-o-estigma-e-a-discriminacao-impactam-pessoas-vivendo-com-hiv-e-aids-no-brasil/
Acesso em 6.jul.2022.
Texto III
https://sindsaude.org.br/noticias/sindsaude-df/maior-adversario-no-tratamento-do-hiv-aids-ainda-e-o-preconceito/.
Acesso em 6.jul.2022.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A
partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da
língua portuguesa, sobre o tema: “Caminhos para combater o estigma social às pessoas com HIV/Aids”. Apresente, ao final, uma proposta de intervenção social que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.