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MODELO ENEM - MATERNIDADE COMPULSÓRIA

ENEM

MATERNIDADE COMPULSÓRIA

MODELO ENEM

ID: G76


Texto I

“Compulsório” vem literalmente de “compulsão”, ou seja, da perda da autonomia na decisão. O quanto da nossa vontade de ter filhos foi, de fato, vontade da nossa parte e o que foi socialização, pressão social, adequação? A ideia normalizada de que somos completas apenas se parirmos, que a maternidade é sagrada, que a mulher nasce pronta para o cuidar, coloca uma pressão invisível, mas muito forte nas mulheres desde sua infância, quando já cuidam de suas bonecas. O problema é que as mulheres – que se tornam mães dentro de um contexto em que não se questiona o caráter compulsório da maternidade nem a carga que ela carrega – têm sua liberdade completamente tolhida, não só porque maternidade é um trabalho não remunerado, mas também porque educar crianças num mundo em que homens ainda não se sentem responsáveis pela carga mental e física de cuidar de uma criança, nem pela contracepção dela é exaustivo; é um trabalho sem fim. Isso porque não temos estrutura suficiente de creches públicas, com horários compatíveis com os nossos trabalhos formais, que saem prejudicados; porque os locais públicos não são preparados para crianças e empurram as mães mais ainda para dentro de casa; porque não podem realmente ter escolha sobre suas gravidezes, uma vez que grande parte das mulheres sofrem violência obstétrica.

BASILE, Thaís. Disponível em: https://vidasimples.co/colunistas/maternidade-compulsoria/, adaptado. 


Texto II


Ilustração de Miguel Paiva.

Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/3381/338130374015/338130374015_gf3.png


Texto III

Ao longo da vida de uma mulher, a maternidade é pautada inúmeras vezes, nas mais diversas idades e classes sociais. A construção social feminina inclui, entre diversos predicados, a probabilidade da gravidez e da maternidade. Desde brincar com bonecas até ouvir indagações como “quando vai chegar meu netinho?”, mulheres crescem convivendo com a ideia de maternar, e, por vezes, sem nem sequer refletir se é isso mesmo o que querem. Muitas mulheres têm filhos porque é a “ordem natural das coisas”, como é costumeiro ouvir, mas nem mesmo cogitaram a possibilidade de uma vida sem eles. Com movimentos sociais de mulheres, esse cenário recentemente ganhou o nome de “maternidade compulsória”, pois, nessa perspectiva, ser mãe seria como algo obrigatório, forçado pela sociedade, e não necessariamente como desejado pela mulher. A verdade é que a socialização feminina, já viciada, faz com que a maioria das mulheres seja compelida a desejar a maternidade.

Disponível em:

http://reporterunesp.jor.br/2017/05/14/maternidade-compulsoria/, adaptado.

 

 

Texto IV

Pense durante alguns segundos no conceito de mãe – não na sua, nem na melhor ou pior mãe do mundo que você possa conhecer. Apenas reconsidere o que significa e o que associamos com “ser mãe”. Imagino que aparecem na sua cabeça ideias como “amor incondicional, abnegação, dedicação, ternura, abrigo, renúncia, satisfação, plenitude, realização pessoal, vida, entrega, estar sempre aí, lealdade, submissão...” E uma quantidade infinita de palavras relacionadas com entregar tudo por alguém. Esse é o conceito com o qual fomos educados. A mãe é essa pessoa incondicional que nunca vai falhar. Tal visão de mãe é de quando as mulheres eram educadas para não terem outra ambição mais do que serem boas esposas, mulheres, educadoras e transmissoras de valores; quando só se dedicavam a cuidar da família e organizar o lar, costurar, fazer coletas, tirar piolhos, cozinhar, limpar ou mandar em quem limpava a casa. Havia exceções, claro, como Marie Curie, física, matemática, química, mãe de duas filhas e premiada com dois prêmios Nobel, mas não era a regra geral. Mas os tempos mudaram. Não basta ter filhos limpos, bons estudantes e educados. Triunfar hoje em dia para a mulher implica em ser boa mãe, uma profissional brilhante; conseguir ter um grupo de amigas; aprender a ser independente em nível emocional e econômico; ter um tempo para ler, fazer exercício e ter hobbies; ter ao lado um homem que valorize seu esforço, seu trabalho, que goste de como ela é, seja carinhoso e compreensivo, e saiba compatibilizar com você as tarefas domésticas e a educação dos filhos.

Disponível em:

http://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/27/actualidad/1425053577_221825.html, adaptado.



PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A maternidade compulsória em debate no Brasil contemporâneo. Apresente proposta de intervenção social que respeite os valores humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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