Você organiza o cenário, arruma o cabelo e
tira vinte fotos, alternando os ângulos e as poses. Feito isso, é hora de
escolher as melhores imagens, sempre com cuidado – afinal, ela vai parar no
Instagram e será silenciosamente julgada por todos os seus amigos. Acredite,
não é só você que faz isso. E deslizar os dedos pela tela do smartphone em
busca das fotos dos seus conhecidos pode desencadear sintomas depressivos,
segundo um estudo conduzido por Hanna Krasnova, da Humboldt University, de
Berlim, na Alemanha.
“Se você vê belas fotos de um amigo no
Instagram, uma forma de compensar isso é apresentar fotos ainda melhores, e
então seu amigo vê as suas fotos e posta fotos ainda melhores e assim por
diante. A autopromoção gera ainda mais autopromoção e o mundo das mídias
sociais fica ainda mais distante da realidade”, disse Hanna ao Slate.
Imagens, curtir e comentários
Em estudos anteriores foram constatados os
três principais fatores que causam sentimentos depressivos na rede social:
imagens, curtir e comentários. Todos sabemos que uma imagem fala por mil
palavras, e nas redes sociais isso não seria diferente. Ver que as outras
pessoas estão tendo bons momentos (principalmente quando estão em férias) ou
que apresentam um padrão de beleza ideal influencia na autoestima, sim. Já os
"curtir" e os comentários funcionam como mecanismos de aprovação. Se
você posta uma foto sua e ela só recebe dois ou três "curtir", sua
autoestima fica mais baixa do que se você tivesse ganhado dez ou vinte. O mesmo
vale para os comentários. E justamente os três principais fatores do Facebook
que levam a uma baixa autoestima e a sentimentos depressivos são aqueles que
compõe o Instagram. Na rede, você posta fotos e aguarda os "curtir" e
os comentários. Mas tome cuidado para que, se eles não vierem, sua autoestima
não fique no chinelo!
O uso errado
As redes sociais não são ruins, nem
desencadeiam, elas próprias, sentimentos de baixa autoestima e inveja, e sim o uso
que fazemos delas. Conversar com amigos e trocar algumas fotos é um uso
saudável e social. Contudo, passar horas lendo postagens e vendo fotos pode
fazer mal.
Os veículos de
comunicação oprimem e controlam o corpo e a aparência das pessoas, criando
padrões de beleza totalmente inalcançáveis. Com (praticamente) a extinção da
mídia impressa, todos os olhos se viraram para as redes sociais, e hoje em dia
é difícil consumirmos um conteúdo que esteja fora de um aplicativo no nosso
smartphone. O Instagram é o quarto aplicativo mais baixado e usado no mundo, e
é também o mais imagético de todos. Constantemente, selecionamos o que queremos
postar e qual parte de nossa vida queremos compartilhar com nossos seguidores.
O filtro que passamos em nosso feed é delicado e preciso e, assim como os
padrões de beleza impostos pelas revistas uma década atrás, inalcançáveis. Na
contramão ao movimento body positive e a proibição de fotos extremamente
editadas em revistas, surgiu a nova sensação das redes sociais, e, em minha
opinião, a nova forma de opressão social da imagem da pessoa: os filtros do
Instagram. Eles começaram como uma forma divertida e inofensiva de "se
fantasiar", com orelhinhas de cachorro, bigodes de gatinhos etc., mas não
demorou muito para surgirem os efeitos que transformaram completamente nossos
rostos, aumentando a boca, afinando o nariz, puxando os olhos e maquiando a
pele. A verdade é que os filtros deixaram todas as pessoas com a mesma
aparência, uma mistura de Kardashian com Bella Hadid. O efeito Kardashian popularizou-se;
a Internet, como intensificadora da sociedade e de suas rupturas, demonstrou
isso como nunca antes. Por mais inofensivos que os filtros do Instagram possam
parecer, eles transformaram a forma que enxergamos a nós mesmos – hoje em dia,
postar uma selfie sem filtro nem edição tornou-se um ato de coragem e quase um
posicionamento político. As pessoas olham para suas imagens deformadas na tela
do celular e enxergam isso como um upgrade de si mesmo, comparando sua real
aparência com a versão computadorizada e nada humana que os filtros nos
oferecem.
CORONATO, Giulia. Disponível em: https://stealthelook.com.br/os-filtros-do-instagram-estao-impactando-negativamente-nossa-autoestima/.
Adaptado. Acesso em 20.set.2022.
Texto III
Disponível em: https://static.stealthelook.com.br/wp-content/uploads/2020/06/filtros-do-instagram2-20200620020357.png.
Acesso em 20.set.2022.
Texto IV
A dismorfia corporal é um transtorno psicológico derivado
da preocupação excessiva pelo corpo, fazendo com que a pessoa sobrevalorize
pequenas imperfeições ou imagine essas imperfeições, resultando num impacto
muito negativo para a sua autoestima, além de afetar sua vida no trabalho,
escola e no convívio com amigos e familiares.
GONZALO, Ramirez. Disponível
em: https://www.tuasaude.com/dismorfia/. Adaptado. Acesso em 20.set.2022.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos
conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto
dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
“Os impactos dos filtros do Instagram na autoestima dos jovens”. Apresente a
proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.