Doenças raras acometem, aproximadamente, 7% da população
mundial, segundo a OMS. No Brasil, onde fatores estruturais e econômicos sobrelevam
as dificuldades em pesquisa e tratamento, é possível trazer à tona algumas
motivações que impactam essa realidade:
. Pouco investimento em pesquisa: O Brasil investe
apenas cerca de 1,3% do PIB em pesquisa e desenvolvimento – um contraste com a
média de 2,4% observada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). A escassez de recursos financeiros destinados a estudos
específicos limita a compreensão e o desenvolvimento de terapias para doenças
raras.
. Burocracia na aprovação de medicamentos: A
burocracia na Anvisa prolonga o tempo de espera para a liberação de novas
drogas, em comparação com agências reguladoras como dos Estados Unidos e da Europa.
Esse atraso pode impedir que pacientes tenham tempo hábil (vida) para os
respectivos tratamentos, quer seja pelo SUS, quer seja pelos planos de saúde.
. Alto custo dos tratamentos: O custo de terapias
para doenças raras pode ser um embargo real. Por exemplo, o tratamento de
terapia gênica para atrofia muscular espinhal (AME) tem um custo estimado de
US$ 2,1 milhões por paciente. Tais valores são inacessíveis para a maioria das
famílias brasileiras.
. Interesse comercial limitado: A indústria
farmacêutica pode relutar em investir em pesquisas para doenças raras, devido à
baixa demanda comercial. Com um número limitado de pacientes, o retorno
financeiro tende a ser menor, o que desestimula o desenvolvimento de
medicamentos específicos.
. Diagnóstico tardio e qualidade de vida: A demora no
diagnóstico correto é um problema sério, muitas vezes devido à falta de
especialistas e de conhecimento sobre essas doenças. Isso afeta não apenas o
início do tratamento, como também a qualidade de vida dos pacientes, limitando
sua autonomia e capacidade de realizar atividades cotidianas.
Prof.
Gislaine Buosi
Texto II
São definidas como
doenças raras aquelas que acometem até 65 pessoas em cada 100 mil. Em
comparação, a incidência da Síndrome de Down, uma doença genética considerada
não rara, é de 143 pessoas a cada 100 mil. Estima-se que aproximadamente treze
milhões de brasileiros sofram com algum tipo de doença rara. O número é
considerável, pois existem mais de 7 mil patologias que se encaixam na
classificação. Síndrome de Cushing, Síndrome de Guillain-Barré, Esclerose
lateral amiotrófica e Fibrose cística são algumas delas. De acordo com
especialistas, 80% dessas doenças são causadas por fatores genéticos, enquanto
20% advêm de causas ambientais, infecciosas e imunológicas. Justamente por
serem raras, pacientes e familiares enfrentam muitas dificuldades na busca pelo
diagnóstico. Mesmo tendo uma mãe e um pai médicos, meu filho Leonardo enfrentou
conosco uma luta de quase dois anos e meio para chegar até a causa dos seus
sintomas. A dificuldade para encontrar o diagnóstico se repete também depois
dele. Muitas vezes, os tratamentos dessas doenças são complexos, caros ou,
ainda pior, inexistentes. O Ministério da Saúde oferece em seu site um panorama
sobre essas doenças. Veja alguns dados importantes:
. Para 95% das doenças raras não há tratamento – há apenas
cuidados paliativos e serviços de reabilitação.
. Apenas 3% têm tratamento cirúrgico e medicamentos
regulares que atenuam sintomas.
. Outros 2% têm tratamento com medicamentos órfãos
capazes de interferir na progressão da doença. Esses remédios precisam de
incentivos para serem produzidos, pois são economicamente inviáveis para as
empresas farmacêuticas.
. Cerca de 75% das doenças raras ocorrem em crianças
e jovens. Os sinais podem surgir desde a fase inicial da vida e evoluir até os 5
anos. Essas doenças quase sempre têm caráter crônico, progressivo, degenerativo
e, em alguns casos, podem levar à morte.
O diagnóstico de doenças raras pode levar de 5 a 10
anos no Brasil. O Dia Mundial das Doenças Raras (28 de fevereiro) foi criado com
o objetivo de levar conhecimento à população sobre a existência e os cuidados
com essas patologias. É essencial melhorar o acesso ao tratamento e à
assistência médica aos pacientes que convivem com doenças raras. Como pediatra
e mãe de uma criança atípica, decidi promover essa causa e sua importância.
Passei dez anos estudando Medicina e tive pouquíssimo contato com doenças raras
na minha formação. Ainda são raros os especialistas dedicados a essas
patologias. Existem apenas 17 serviços de saúde habilitados para diagnosticar e
tratar desses pacientes, distribuídos em 11 estados e no Distrito Federal. Doenças
raras estão cada vez menos difíceis de diagnosticar, devido aos avanços em
sequenciamento genômico. Entender sua incidência real é importante para
confirmar seus impactos na saúde da população e alocar os recursos necessários
para a pesquisa por tratamentos.
CARDIN, Thaluama Saccochi. Pediatra. https://nsaude.meunorden.com/doencas-raras-os-desafios-da-busca-por-um-diagnostico.
Adaptado para fins didáticos. Acesso em 29.abr.2024.
Texto III
Disponível em: https://altodomoinho.blogspot.com/2021/02/doencas-raras.html.
Acesso em 29.abr.2024.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio
e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o
tema: "Desafios para pesquisa e tratamento de doenças raras no Brasil". Apresente proposta de intervenção social que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.