O MEC prepara um projeto de lei para proibir o uso de celulares nas
unidades escolares de todos o país. (...) O objetivo, ainda segundo a pasta, é
dar segurança jurídica a escolas (leis estaduais que já baniram o smartphone
das salas de aulas). (...) Atualmente, a maioria de pais e educadores concorda
com o banimento. (...) Estados americanos estão em litígio judicial com big
techs, alegando que as redes sociais viciam e geram crises de ansiedade e
depressão em crianças, o que tem elevado os gastos com saúde pública. A
presença de celular nas escolas já foi proibida ou restringida em alguns
países. Na França, o uso do aparelho nas escolas é proibido para estudantes de
até 15 anos. Na Holanda, o uso depende do professor, já que só é permitido
quando tiver uma relação com a aula. Na China, os alunos só podem levar o
aparelho para as escolas com autorização expressa dos pais. Já na Finlândia,
muitas cidades proibiram a utilização de qualquer tipo de eletrônico nas
escolas.Pesquisas
internacionais têm mostrado que, além de potencializar a possibilidade de vício
nas redes sociais, o celular promove distrações, reduz a capacidade de aprendizado
(qualquer resposta está sempre a um clique), aumenta a desigualdade (alguns
terão sempre aparelhos mais modernos e melhor conexão), favorece comportamentos
antiéticos (facilita o plágio e respostas tipo copia e cola), e impacta
negativamente no desenvolvimento de habilidades interpessoais (pois inibe a
interação pessoal entre os alunos). Já os defensores acreditam que o celular
permite que os alunos realizem pesquisas rápidas e acessem um conteúdo
complementar amplo e diverso (...); o mais importante é que leva os jovens a
desenvolverem habilidades digitais cada vez mais exigidas no mercado de
trabalho. No Brasil, a proibição vem sendo aplicada em 20 estados, e a
experiência mostra que tem sido difícil fazer a lei “pegar”. Apenas 12% de suas
escolas declararam adotar a medida de fato, de acordo com a pesquisa TIC
Educação 2023 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). (...) Uma das
poucas especialistas brasileiras na questão, a psicóloga gaúcha Sofia Sebben
afirmou em entrevista ao Zero Hora: “Não temos pesquisas suficientemente
conclusivas no Brasil mostrando benefícios ou riscos do uso do celular nas
escolas, o que temos de estudos sobre isso é muito fraco. (...) Os professores
não sabem mais o que fazer, porque as crianças estão usando muito o celular na
escola, especialmente as redes sociais, que são viciantes. Mas me parece que
banir só por banir não vai resolver. (...) Especialmente quando falamos de
adolescentes, que são mais suscetíveis a um uso problemático da mídia, como
chamamos. Que é quando eles usam as telas para não lidar com as emoções, para
escapar de situações de estresse. Nas redes sociais eles encontram apoio social
e conteúdos que os interessam. (...)”. Essa afirmação já indica caminhos que
devem ser seguidos com a possível lei, independentemente de seu teor. As
famílias precisam estar mais próximas de suas crianças e jovens, promovendo um
maior diálogo com eles.
OLIVEIRA, Flavio.
Disponível em: https://www.correio24horas.com.br/colunistas/entrelinhas/celular-nas-escolas-o-que-se-ganha-e-o-que-se-perde-com-a-proibicao-1024.
Acesso em 11.out.2024.
PROPOSTA
DE REDAÇÃO: A partir da leitura dos textos motivadores
seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “O celular na sala de aula atual: reflexões, proibições,
possibilidades”. Apresente proposta de intervenção, que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.