À primeira vista
metafórico, o termo “cérebro podre” (do inglês, brain rot) talvez choque os
menos avisados. Entretanto, pesquisas sugerem que a expressão, infelizmente,
tenha fundamento. Estudos citados pelo The Guardian mostram que o uso excessivo
de redes sociais e a exposição contínua a conteúdos rasos, falsos ou sensacionalistas
estão ligados à redução da massa cinzenta, da queda na capacidade de
concentração e da perda de memória – tudo isso, combinado, sem dúvida, leva à
podridão cerebral. Esse alerta não é novo: em 2005, uma pesquisa da
Universidade de Londres apontava que o uso intenso de e-mails e celulares
provocava uma redução média de 10 pontos no QI. Hoje, com a avalanche de
notificações, reels, stories e memes, os efeitos tendem a ser ainda mais
graves. Segundo o psicólogo estadunidense Michoel Moshel, os aplicativos
exploram a tendência natural do cérebro de buscar por novidades – e isso,
compulsivamente. Uma revisão de 27 estudos de neuroimagem mostrou que o uso
compulsivo da internet diminui áreas cerebrais ligadas ao controle de impulsos
e à tomada de decisão, de modo semelhante ao que ocorre em dependentes
químicos. Outra meta-análise, que reuniu resultados de 34 pesquisas, confirmou
a queda no desempenho cognitivo, sobretudo entre jovens – pré-adolescentes
costumam ficar 5h30 por dia diante das telas, enquanto adolescentes chegam a
quase 9 horas. O excesso de estímulos digitais também prejudica a atenção, o
que é essencial para o ensino-aprendizagem, e pode gerar um ciclo vicioso:
problemas de saúde mental aumentam a busca por conteúdos superficiais, que, por
sua vez, agravam os sintomas. Para romper essa lógica, especialistas defendem a
autolimitação do tempo de tela, somada às atividades físicas e à interações
sociais. Afinal, a chamada “podridão cerebral” – ou, eufemisticamente, o
enfraquecimento das capacidades mentais – é um risco real para as futuras
gerações.
José Lázaro Aguiar, psicopedagogo clínico.
Texto II
Essa condição parece afetar principalmente as
gerações mais jovens, como a Geração Z e a Geração Alfa, provocando sintomas
como apatia, dificuldade de concentração, irritabilidade, ansiedade, diminuição
da motivação e dificuldade para tomar decisões. Embora o brain rot não seja
considerado uma condição médica reconhecida, algumas formas de o combater e
evitar incluem diminuir o tempo de telas e fazer atividades offline, como ler
livros, praticar atividades físicas e pré-fixar um limite razoável para o uso
da tecnologia, por exemplo. O uso compulsivo de conteúdos digitais pode
provocar um padrão similar ao vício, quando o engajamento se torna excessivo,
podendo ser cada vez mais difícil parar de usar essas plataformas.
Disponível em: https://www.tuasaude.com/brain-rot/.
Acesso em 26 ago.2025. Adaptado.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma
padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O consumo de conteúdos pouco
desafiadores e triviais nas redes e os impactos do "brain rot”.Apresente
proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.