. Deve ser, obviamente, conciso/enxuto - corte, quando não forem determinantes
ao assunto principal, os exemplos dados pelo autor, detalhes/dados secundários.
. Em textos dissertativos, conserve as informações principais; corte as
secundárias/complementares, principalmente aquelas que não modifiquem, que não
interfiram no entendimento da informação principal.
. A escrita do resumo é pessoal - isso quer dizer que não basta apenas
cortar palavras do texto-base. É preciso atentar à coerência e à lógica - um
resumo não é apenas um apanhado de frases soltas: ele deve trazer as ideias
centrais do texto-base, de preferência na ordem em que foram apresentadas.
. A coesão textual também é relevante no resumo – o uso correto das
conjunções, preposições e pronomes contribui para a escrita fluida, sem
atropelos ou saltos.
IMPORTANTE: O resumo não
comporta comentário/opinião acerca do tema nem do posicionamento adotado pelo
autor do texto-base.
COMANDO: Imagine que você
seja o redator de uma revista de grande circulação, e tenha de enviar o texto
abaixo para a Redação. Ocorre que o espaço destinado a essa publicação é
limitado, e cabe a você fazer um RESUMO do texto. Escreva até 15 linhas.
Do
letramento racial
Por Gislaine Buosi
O conceito de letramento racial é definitivo para se entender não apenas a
construção das relações raciais, como também a distribuição dos direitos e das posições
sociais (de modo tão desigual!) entre pessoas brancas e, em especial, pretas. Tudo
isso solidifica a falsa superioridade branca. O racismo, que fere de morte as
mais singelas noções de humanidade, deve ser enfrentado com golpes certeiros, o
que depende também do reconhecimento e da garantia de direitos constitucionais.
Nesse sentido, o letramento racial envolve a desconstrução de preconceitos socialmente
arraigados, haja vista a valorização eurocêntrica da pele branca. Se, antes, o
assunto era pauta de sala de aula, hoje, o letramento racial justifica-se até
mesmo em ambientes ocupados por pessoas que percorreram grandes jornadas
acadêmicas.
Exemplo disso aconteceu em 2020, em Curitiba/PR, quando a juíza de
direito Inês Marchalek Zarpelon, numa sentença penal condenatória, mencionou
que o réu era “seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça,
agia de forma extremamente discreta os delitos e o seu comportamento,
juntamente com os demais, causavam o desassossego e a desesperança da
população, pelo que deve ser valorada negativamente (sic)”. Na ocasião – e isso
tem reverberações até os dias atuais, o fato de a magistrada condenar um réu sob
a alegação de que negro tem potencial para atitudes criminosas gerou repercussão
e repúdio nacionais, o que levou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras
instituições a se manifestarem contra o ocorrido. Atitudes como essas, desmascaram
o racismo institucional, deixando clara a necessidade de um comprometimento
constante com a educação antirracista e o letramento racial, inclusive no
âmbito da Justiça, um vez que o impacto de canetas preconceituosas traz consequências
graves e, por vezes, irreparáveis.
Não fosse o bastante, registre-se
que a representatividade negra é, infelizmente, rara nas diversas formas de
mídia, situação que relega corpos negros a posições subalternas. O letramento
racial, nesse ínterim, chega para capacitar indivíduos a responderem a tensões
raciais e, em conjunto com políticas públicas como cotas, promover uma
reeducação antirracista – até porque há uma premissa de que muitos brancos,
mesmo que involuntariamente, são racistas por natureza.
Outro caso que merece comento é o assassinato de João Alberto Silva, ocorrido
dentro de uma loja do Carrefour – o fato resultou na maior indenização por
racismo corporativo no Brasil. A resposta do Carrefour veio com iniciativas de
inclusão e educação, abordando o letramento racial de seus colaboradores,
situação que, mesmo não amplamente reconhecida, é crucial para o avanço da
equidade racial.
Mulheres negras, para quem é franqueado o lugar de fala apenas em situações pontuais, costumam ser reduzidas à temática do racismo – entretanto, de posse de microfones, buscam
ampliar suas narrativas além desse espectro, reivindicando reconhecimento de
suas múltiplas identidades. O ideal é que mulheres brancas, com propriedade no letramento racial, subissem
às tribunas ao lado das pretas, e propagassem que todas as pessoas têm raça, espaço
e direito garantidos no universo multiface, chamado Humanidade.