RESENHA – UMA VELA PARA DARIO – DALTON
TREVISAN
MODELO UFU – ID: HS6
ORIENTAÇÃO
GERAL
Leia
com atenção todas as instruções:
(...)
.
Se for o caso, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o
aspecto da situação escolhida que você pretende abordar. Escreva o título no
lugar apropriado na folha de prova.
.
Se a estrutura do gênero exigir assinatura, escreva, no lugar da assinatura:
JOSÉ ou JOSEFA. Em hipótese nenhuma escreva seu nome, pseudônimo, apelido etc.
na folha de prova.
.
Utilize trechos dos textos motivadores, parafraseando-os. Não copie trechos dos
textos motivadores.
ATENÇÃO:
se você não seguir as instruções da orientação geral e as relativas do tema,
sua redação será penalizada.
Leia atentamente o conto a seguir, “Uma
vela para Dario”, do autor Dalton Trevisan:
Uma vela para
Dario
Dario vem apressado, guarda-chuva no
braço esquerdo. Assim que dobra a esquina, diminui o passo até parar,
encosta-se a uma parede. Por ela escorrega, senta-se na calçada, ainda úmida de
chuva. Descansa na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes à sua volta indagam
se não está bem. Dario abre a boca, move os lábios, não se ouve resposta. O
senhor gordo, de branco, diz que deve sofrer de ataque.
Ele reclina-se mais um pouco, estendido
na calçada, e o cachimbo apagou. O rapaz de bigode pede aos outros que se
afastem e o deixem respirar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a
cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de espuma
surgem no canto da boca. Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o
pode ver. Os moradores da rua conversam de uma porta a outra, as crianças de
pijama acodem à janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada,
soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se
vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha grita que
ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da esquina. Já no carro a
metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida? Concordam chamar
a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede — não tem os
sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informa da farmácia na outra
rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e,
além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas
lhe cobrem o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las. Ocupado o café
próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e bebendo,
gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem
o relógio de pulso.
Um terceiro sugere lhe examinem os
papéis, retirados — com vários objetos — de seus bolsos e alinhados sobre a
camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade, sinal de nascença. O endereço na
carteira é de outra cidade. Registra-se correria de uns duzentos curiosos que,
a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: é a polícia. O carro negro
investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado
dezessete vezes. O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá-lo — os
bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio —
quando vivo — só destacava molhando no sabonete. A polícia decide chamar o
rabecão.
A última boca repete — Ele morreu, ele
morreu. E a gente começa a se dispersar. Dario levou duas horas para morrer, ninguém
acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um
defunto. Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça.
Cruza as mãos no peito. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu.
Apenas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias.
Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço vem com uma
vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto há muitos anos, quase o
retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecham-se uma a uma as janelas. Três
horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o
paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da
chuva, que volta a cair.
TREVISAN,
Dalton. Uma vela para Dario. In: MORICONI, Itálo (org). Os cem melhores contos
brasileiros do século.
Rio de
janeiro: Objetiva, 2001, p.279-280.
Imagine que você tenha sido
destacado para escrever uma RESENHA CRÍTICA a respeito do conto “Uma vela para
Dario”, de Dalton Trevisan.
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