EM - PALESTRA - MODELO UNICAMP - A PRIMEIRA IGUALDADE É A JUSTIÇA
UNICAMP
A PRIMEIRA IGUALDADE É A JUSTIÇA
PALESTRA - MODELO UNICAMP
ID: G5Q
Imagine que você, estudante do Ensino Médio, tenha sido convidado pelo
Grêmio Estudantil para fazer uma PALESTRA aos colegas sobre o tema: A PRIMEIRA
IGUALDADE É A JUSTIÇA, citação colhida de Victor Hugo, estadista e ativista
pelos direitos humanos francês, de grande atuação política em seu país.
Leia os textos abaixo e, a partir deles e de seus conhecimentos sobre o
contexto atual, escreva um texto base para a sua palestra, que será lido em voz
alta, na íntegra. Seu texto deve conter exemplos de fatos que evidenciem o
desacordo entre a citação de Victor Hugo e o contextual atual da sociedade
brasileira.
Texto I
A sobrevivência dos mais
gordos – Galschiøt tornou-se conhecido mundialmente com o tema Art in Defense
of Humanism –AIDOH, (Arte em Defesa do Humanismo), devido às ações em eventos
importantes. Durante a Cúpula do Clima de Copenhague, em dezembro de 2009,
instalou a escultura Survival of the Fattest (A sobrevivência dos mais gordos).
A escultura do artista
dinamarquês Jens Galschiøt traz uma figura opulenta, símbolo dos países
industrializados, e uma figura mais frágil, representada na pessoa de um homem
africano. A obra acaba por confirmar o que os ativistas já suspeitavam: o fato
de o mundo industrializado impedir uma tomada de decisões importantes contra
alterações climáticas, cujas principais vítimas são as populações dos países
mais pobres. A escultura traz a seguinte legenda (em tradução livre), escrita
pelo próprio autor: "Estou sentada nas costas de um homem. Ele está
afundando sob o peso. Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo, exceto sair de
suas costas."
Partindo da ideia de que o mundo que herdamos dos tempos pré-modernos,
tradicionais, ignorantes, preconceituosos e supersticiosos era um mundo
desordenado e caótico, a tarefa que se impunha era torná-lo melhor. Ora, quem
assumiria esse papel? Evidentemente os legisladores, os reis, os príncipes, os
presidentes, os parlamentos, enfim, quem quer que estivesse no poder e que se
impusesse a tarefa de reorganizar o mundo de tal modo que as pessoas viessem a
se comportar racionalmente, a buscar a felicidade sem correr o risco de fazer
escolhas erradas.
BAUMAN, Zygmunt – Modernidade Líquida – Rio de
Janeiro: Jorge Zahar. Ed 2001.
Texto IV
A Justiça e a barreira higiênica entre ricos e pobres no Brasil
(...) como bem me lembrou um sábio juiz, estamos acostumamos a criticar
prefeitos, governadores, presidentes, vereadores, deputados e senadores, mas,
não raro, poupamos juízes, desembargadores e ministros. Fascinante que uma das
consequências ao atribuir sabedoria sobrenatural à toga é a de que o
Judiciário, por falta de pressão e de controle externos, é o menos transparente
dos poderes. (...) Enquanto a proporção de negros nas prisões for maior que a
de negros na sociedade, podemos dizer que a Justiça é uma construção mal feita
e inacabada por aqui.
Sérgio Adorno, sociólogo e professor da Universidade de São Paulo, que há
duas décadas estuda o funcionamento da Justiça brasileira (...), apresentou
algumas considerações em relação à quase exclusividade de pobres nos presídios:
"É errado pensar que, no Brasil, os julgamentos não levam a nada. Fizemos
uma pesquisa que mostra que a Justiça condena 76% dos réus e absolve apenas
24%. (...) A grande questão é o tipo de criminoso que se condena. O perfil
médio dos condenados são aqueles cidadãos que não oferecem grande risco para a
sociedade. (...) Segundo o último censo penitenciário, 98% dos condenados são
pessoas que não puderam pagar advogado. Por essa estatística, portanto, quem
pode contar com uma boa defesa corre risco de 2 em 100 de ir para a cadeia”.