A
sociedade disciplinar é uma elaboração de Michel Foucault para explicar a
configuração da sociedade europeia no período de ascensão do capitalismo e
gradativa queda do poder monárquico. Nas sociedades disciplinares, as
instituições sociais assumem papéis de vigilância, normatização e exame
constante dos sujeitos, de tal maneira que o poder, exercido minuciosamente,
marca os corpos e lhes impõe condutas (FOUCAULT, 1999). (...) O tipo de poder
de uma sociedade disciplinar tende a separar, prender, controlar e punir. (...)
A disciplina é um tipo de poder e, assim, a sociedade disciplinar é o espaço
social de exercício predominante de práticas, uso de instrumentos e técnicas,
além de níveis de aplicação que comportem a possibilidade do disciplinamento.
(...) A grande característica da sociedade disciplinar é a formação de um corpo
social dócil, visto do ponto de vista individual, esquadrinhado em seus mínimos
detalhes, adequado em cada movimento à função que lhe é destinada. Cabe ao
indivíduo disciplinado produzir o máximo possível, com máxima eficiência e sub
um regime de produção extenuante. O corpo é um objeto a ser estudado e a
disciplina é uma técnica a ser aprimorada através deste tipo de estudo.
Disponível em: https://colunastortas.com.br/sociedade-disciplinar/.
Acesso em 13.ago.2024.
Texto IV
Em
"Vigiar e Punir", Michel Foucault apresenta o conceito de sociedades
disciplinares, caracterizadas pelo controle e pela vigilância constante. Contemporaneamente,
esse conceito ainda ressoa, em especial diante das convenções sociais a que
estamos sujeitos, quer na vida profissional, social ou cotidiana, muito embora
o distanciamento entre o nosso contexto e o de Foucault, na passagem do século
18, tenha, também, pontos divergentes. (...)
A era
digital, por exemplo, trouxe consigo uma nova forma de vigilância: a
autoexposição nas redes sociais, espaço em que somos, simultaneamente, vigilantes
e vigiados, guardiões e prisioneiros do olhar alheio. A constante necessidade
de aprovação e o medo de desaprovação funcionam como mecanismos disciplinares
invisíveis que orientam nosso comportamento. 'Curtidas' e 'compartilhamentos'
tornam-se gatilhos da submissão, que ultrapassa a disciplina. As convenções
sociais, embora pareçam benignas, atuam como grilhões invisíveis que limitam o
livre arbítrio e a expressão individual e sincera. Nos dias de hoje, Foucault,
certamente, argumentaria que, no cenário verde-amarelo, mesmo sem muros físicos
ou vigilância explícita, somos condicionados por um conjunto de regras não
escritas que ditam o 'normal'. A liberdade, portanto, torna-se um conceito
complexo, pois mesmo em nossa suposta autonomia, estamos sujeitos às sutis
correntes das expectativas sociais.
Gislaine Buosi, escritora
Texto V
Como controlar
a vida dos indivíduos? Como fazer com que eles façam exatamente o que a
sociedade espera deles? Toda sociedade tem uma série de regras e cria
mecanismos para fazer com que os indivíduos façam o que ela deseja. Quais
seriam essas normas hoje?
Espera-se
que as pessoas sejam trabalhadoras e ricas. Que sejam disciplinadas e muito
produtivas. Que tenham uma família. Embora esse já seja um conceito disputado,
que a família seja de um homem e uma mulher, espera-se também que todos sejam
heterossexuais. Que os homens não sejam nem muito gordos, nem muito magros. Que
as mulheres sejam magras. Que não cometam crimes.
Quais
os mecanismos que a sociedade pode usar para garantir que todas essas e uma
série de outras normas sejam observadas?
PROPOSTA
DE REDAÇÃO: Considerando as ideias apresentadas
nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma
dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o
tema: Sociedade disciplinar e vigilância contemporânea.