O Doping Cognitivo
– também conhecido como Doping Intelectual, Psiquiatria Cosmética ou
Aprimoramento Farmacológico Cognitivo (AFC) – refere-se ao uso de substâncias psicoativas,
por pessoas saudáveis, para potencializar funções mentais, como atenção,
memória e aprendizagem. A prática, que busca vantagens competitivas semelhantes
ao doping físico em atletas, tem levantado debates éticos sobre sua aceitação,
especialmente diante da pressão por desempenho e produtividade na sociedade
contemporânea. (...) Enquanto a medicina tradicional está centrada na cura e na
prevenção de doenças, a medicina cosmética visa aprimorar habilidades. (...) A
decisão de uso – com os respectivos riscos – de psicofármacos recai sobre os próprios
consumidores. (...) As substâncias mais usadas no doping cognitivo incluem
cafeína, energéticos, além de medicamentos prescritos, tais como estimulantes e
anfetaminas ilegais. A eficácia já tem sido comprovada, mas varia entre
indivíduos, e pode acarretar comprometimento em outras áreas cognitivas. Os
riscos associados incluem dependência química, cardiopatias e diversos transtornos
psiquiátricos. Recomenda-se que o uso de AFC para fins competitivos seja
desestimulado, e que reflexões sejam provocadas a respeito das pressões sociais
a que todos estamos expostos. Há alternativas não-farmacológicas para não só
minimizar os efeitos da sociedade do desempenho e do cansaço, como também
ampliar a performance nos diversos segmentos a que estamos inseridos.
Gislaine Buosi, educadora.
Texto
II
No início dos anos
1990, uma revolução tomou conta do mercado de remédios antidepressivos: o
Prozac. Lançado alguns anos antes, o medicamento virou febre entre os consumidores,
com a promessa de combater a depressão e a ansiedade, trazendo efeitos
colaterais muito inferiores aos das drogas anteriores. O uso desse tipo de
antidepressivo chegou a tal escala que começou a preocupar alguns
especialistas. Um deles era o psiquiatra americano Peter Kramer – em 1993 ele
lançou o livro Ouvindo o Prozac, no qual cunhou o termo “farmacologia
cosmética”. A expressão traduz o uso dos ISRSs, não com o objetivo de aliviar
sintomas médicos, e sim para melhorar o desempenho e a sensação de segurança de
pessoas saudáveis. Kramer temia que pessoas sem qualquer transtorno
psiquiátrico recorressem ao Prozac como uma espécie de “pílula mágica”, na
tentativa de se tornarem pessoas especiais, mais assertivas e seguras do que os
seus pares. A possibilidade de os ISRSs ocuparem esse espaço suscitava
questionamentos morais. Seria ético fazer o uso de uma medicação para melhorar
o desempenho e dessa forma privilegiar aqueles com acesso a esse tipo de
intervenção? Hoje, sabemos que essas preocupações sobre o uso indiscriminado e
com intuito cosmético dos ISRSs foram reações um tanto exageradas. Ao contrário
do que temia Kramer, os ISRSs não modificaram a sociedade a ponto de eliminar a
insegurança e a melancolia da experiência humana, nem melhoraram de forma
significativa o desempenho intelectual das pessoas saudáveis. O termo
“farmacologia cosmética” caiu em desuso por algumas décadas, mas parece estar
voltando nos últimos tempos, ainda que não diretamente relacionado aos ISRSs.
Agora, essa expressão pode ser usada para descrever o crescente do uso de
medicações psiquiátricas por pacientes saudáveis com o objetivo de melhorar o
desempenho cognitivo, ou seja, aumentar a inteligência.
Disponível em: https://diplomatique.org.br/as-pilulas-psiquiatricas-magicas-voltam-a-moda/.
Adaptado. Acesso em 26.set.2024.
Texto
III
As opiniões sobre
o uso de estimulantes variam, refletindo diferentes contextos sociais e
culturais. Em algumas universidades, é comum entre estudantes discutir
abertamente o uso de substâncias para melhorar o desempenho, enquanto em
outras, isso é considerado tabu. Pesquisas indicam que a aceitação do Doping
Cognitivo está crescendo entre a geração mais jovem, que busca maneiras de se
destacar em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
MONTEIRO, Mariana. Disponível em: https://prezi.com/p/uczn5lbeklme/os-desafios-eticos-e-sociais-da-psiquiatria-cosmetica-no-brasil/.
Acesso em 26.set.2024.
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