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EM - DISSERTAÇÃO - MODELO UPF - MERITOCRACIA

UPF - UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

MERITOCRACIA E DESIGUALDADE SOCIAL

MODELO UPF

ID: HZP




Orientações:

. Evite rasurar o texto definitivo – a folha de redação é única e não será substituída.

. Redija o texto definitivo a caneta.

. Não escreva seu nome no texto definitivo, nem o assine.

. Faça o rascunho de sua redação, a qual deve ter de 20 a 35 linhas.


A redação será anulada se:

. fugir do tema ou da delimitação proposta;

. for ilegível;

. não atender aos critérios de textualidade, sendo considerada um não texto;

. contiver, com exceção do número de inscrição já impresso na folha definitiva, outros elementos que identifiquem o candidato;

. for escrita em língua estrangeira.



Meritocracia reforça desigualdades, diz escritor

Modelo meritocrático pode promover justiça social, mas tem aprofundado ainda mais a diferença entre ricos e pobres, negros e brancos


A meritocracia é um sistema que, teoricamente, privilegia as qualidades do indivíduo e o relaciona diretamente com mérito e poder. Acredita-se que basta trabalhar, e será possível conquistar, independentemente de sua raça, gênero, classe social ou origem. Mas em uma sociedade tão desigual isso é realmente possível?


Daniel Markovits, professor de Direito de Yale e doutor em Filosofia pela Universidade de Oxford, tem uma extensa trajetória dentro das universidades, e poderia usar o seu caminho como mais um exemplo dos bons frutos da meritocracia, sem se questionar sobre sua estrutura desigual. (...) "As pessoas com quem fui para a escola (pública) são tão capazes, tão inteligentes e tão criativas quanto as pessoas com quem frequentei a faculdade de Direito. Mas elas não acabaram em empregos com altos salários ou com o mesmo status social ou com carreiras tão elaboradas. Enquanto eu passava por uma série de universidades de elite, continuei voltando a esse fato e tentando pensar qual era exatamente a explicação para essa diferença", diz ele, ao explicar uma de suas motivações para buscar respostas das diferenças que via.


Confira a seguir a entrevista concedida por Daniel Markovits:


Você tem uma trajetória digna e extensa e poderia pautar todo seu discurso na meritocracia. O que o fez pensar diferente e apontar críticas a esse modelo?


Eu acho que foram duas coisas: uma de um tempo atrás e outra mais recente. A mais antiga é de quando eu fiz o Ensino Médio em um colégio público estadual em Austin, Texas. Não era um colégio ruim, mas também não era um colégio particularmente rico. As pessoas com quem fui para a escola são tão capazes, tão inteligentes e tão criativas quanto as pessoas com quem frequentei a faculdade de Direito. Mas elas não acabaram em empregos com altos salários ou com o mesmo status social ou com carreiras tão elaboradas. Enquanto eu passava por uma série de universidades de elite, continuei voltando a esse fato e tentando pensar qual era exatamente a explicação para essa diferença. Às vezes a explicação era óbvia: tinha a ver com privilégios, pais e como esse status é transmitido através das famílias, através das gerações... Mas fiquei muito interessado em tentar descobrir exatamente qual era o mecanismo - e não só o que aconteceu na escola, mas também o que aconteceu no trabalho e como os empregos mudam para beneficiar as pessoas que receberam educação mais sofisticada. Portanto, a primeira experiência foi muito mais essa sensação de desconexão entre as vidas das pessoas com quem frequentei a escola e as vidas das pessoas com quem frequentei a universidade. O segundo fenômeno, que é o mais recente, aconteceu por causa dos meus alunos em Yale. Eu comecei a lecionar na Faculdade de Direito de Yale em 2001 e, nos primeiros anos, meus alunos estavam relativamente satisfeitos com a situação e com eles mesmos. Sentiam que tinham ganhado na loteria, como se tivessem uma vida ótima e fossem um grande sucesso. Alguns deles eram mais autocríticos, outros não. Mas a sensação geral do corpo discente foi de triunfo. (...) O Brasil é uma espécie de economia bifurcada que, por um lado, há muita riqueza aristocrática antiquada. Pessoas que possuem terras, florestas ou concessões minerais, que possuem recursos naturais e herdam esse tipo de riqueza. Se você herda riqueza dessa forma, isso o torna livre, porque o que você faz é misturar sua riqueza com o trabalho de outras pessoas. Você pega uma parte, fica rico com o trabalho de outras pessoas, e assim a velha elite aristocrática é realmente fortalecida por sua riqueza. (...) Mas o Brasil também tem uma classe trabalhadora moderna, superqualificada, supereducada e de elite. Essas são as pessoas que dirigem as grandes empresas globalmente competitivas do país, por exemplo. Elas também são muito ricas, mas de uma maneira muito diferente. A fonte de sua riqueza não são terras herdadas ou contas bancárias. É seu próprio treinamento, sua própria educação elaborada e sua habilidade.


BARBOSA. Anna. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/educacao/carreira/meritocracia-reforca-desigualdades-e-estratificacao-diz-escritor,bffa170b57dcdff4afa4319f107b1b57votn73wm.html?utm_source=clipboard.

Adaptado. Acesso em 14.set.2023.



COMANDO: Considerando não só a reflexão proposta no texto acima, como também suas leituras acerca do assunto, discuta, num texto dissertativo, o mito da meritocracia frente às desigualdades sociais brasileiras.

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