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EM - DISSERTAÇÃO - MODELO UPF - MERITOCRACIA
UPF - UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
MERITOCRACIA E DESIGUALDADE SOCIAL
MODELO UPF
ID: HZP
Orientações:
. Evite rasurar o texto definitivo – a folha de redação é única e não será substituída.
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A redação será anulada se:
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. não atender aos critérios de textualidade, sendo considerada um não texto;
. contiver, com exceção do número de inscrição já impresso na folha definitiva, outros elementos que identifiquem o candidato;
. for escrita em língua estrangeira.
Meritocracia reforça desigualdades, diz escritor
Modelo meritocrático pode promover justiça social,
mas tem aprofundado ainda mais a diferença entre ricos e pobres, negros e
brancos
A meritocracia é um sistema que, teoricamente, privilegia
as qualidades do indivíduo e o relaciona diretamente com mérito e poder.
Acredita-se que basta trabalhar, e será possível conquistar, independentemente
de sua raça, gênero, classe social ou origem. Mas em uma sociedade tão desigual
isso é realmente possível?
Daniel Markovits, professor de Direito de Yale e
doutor em Filosofia pela Universidade de Oxford, tem uma extensa trajetória
dentro das universidades, e poderia usar o seu caminho como mais um exemplo dos
bons frutos da meritocracia, sem se questionar sobre sua estrutura desigual. (...)
"As pessoas com quem fui para a escola (pública) são tão capazes, tão
inteligentes e tão criativas quanto as pessoas com quem frequentei a faculdade
de Direito. Mas elas não acabaram em empregos com altos salários ou com o mesmo
status social ou com carreiras tão elaboradas. Enquanto eu passava por uma
série de universidades de elite, continuei voltando a esse fato e tentando
pensar qual era exatamente a explicação para essa diferença", diz ele, ao
explicar uma de suas motivações para buscar respostas das diferenças que via.
Confira
a seguir a entrevista concedida por Daniel Markovits:
Você tem uma trajetória digna e extensa e poderia
pautar todo seu discurso na meritocracia. O que o fez pensar diferente e
apontar críticas a esse modelo?
Eu acho que foram duas coisas: uma de um tempo
atrás e outra mais recente. A mais antiga é de quando eu fiz o Ensino Médio em
um colégio público estadual em Austin, Texas. Não era um colégio ruim, mas
também não era um colégio particularmente rico. As pessoas com quem fui para a
escola são tão capazes, tão inteligentes e tão criativas quanto as pessoas com
quem frequentei a faculdade de Direito. Mas elas não acabaram em empregos com
altos salários ou com o mesmo status social ou com carreiras tão elaboradas. Enquanto
eu passava por uma série de universidades de elite, continuei voltando a esse
fato e tentando pensar qual era exatamente a explicação para essa diferença. Às
vezes a explicação era óbvia: tinha a ver com privilégios, pais e como esse
status é transmitido através das famílias, através das gerações... Mas fiquei
muito interessado em tentar descobrir exatamente qual era o mecanismo - e não
só o que aconteceu na escola, mas também o que aconteceu no trabalho e como os
empregos mudam para beneficiar as pessoas que receberam educação mais
sofisticada. Portanto, a primeira experiência foi muito mais essa sensação de
desconexão entre as vidas das pessoas com quem frequentei a escola e as vidas
das pessoas com quem frequentei a universidade. O segundo fenômeno, que é o
mais recente, aconteceu por causa dos meus alunos em Yale. Eu comecei a
lecionar na Faculdade de Direito de Yale em 2001 e, nos primeiros anos, meus
alunos estavam relativamente satisfeitos com a situação e com eles mesmos.
Sentiam que tinham ganhado na loteria, como se tivessem uma vida ótima e fossem
um grande sucesso. Alguns deles eram mais autocríticos, outros não. Mas a
sensação geral do corpo discente foi de triunfo. (...) O Brasil é uma espécie
de economia bifurcada que, por um lado, há muita riqueza aristocrática
antiquada. Pessoas que possuem terras, florestas ou concessões minerais, que
possuem recursos naturais e herdam esse tipo de riqueza. Se você herda riqueza
dessa forma, isso o torna livre, porque o que você faz é misturar sua riqueza
com o trabalho de outras pessoas. Você pega uma parte, fica rico com o trabalho
de outras pessoas, e assim a velha elite aristocrática é realmente fortalecida
por sua riqueza. (...) Mas o Brasil também tem uma classe trabalhadora moderna,
superqualificada, supereducada e de elite. Essas são as pessoas que dirigem as
grandes empresas globalmente competitivas do país, por exemplo. Elas também são
muito ricas, mas de uma maneira muito diferente. A fonte de sua riqueza não são
terras herdadas ou contas bancárias. É seu próprio treinamento, sua própria
educação elaborada e sua habilidade.
BARBOSA.
Anna. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/educacao/carreira/meritocracia-reforca-desigualdades-e-estratificacao-diz-escritor,bffa170b57dcdff4afa4319f107b1b57votn73wm.html?utm_source=clipboard.
Adaptado. Acesso em 14.set.2023.
COMANDO: Considerando não só a reflexão proposta no
texto acima, como também suas leituras acerca do assunto, discuta, num texto
dissertativo, o mito da meritocracia frente às desigualdades sociais
brasileiras.