EM - DISSERTAÇÃO - MODELO UERJ - DOAÇÃO DE ÓRGÃOS - A PARTIR DE "NÃO ME ABANDONE JAMAIS"
UERJ
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
DISSERTAÇÃO MODELO UERJ
a partir da obra literária “NÃO
ME ABANDONE JAMAIS”, de Kazuo Ishiguro
ID: GWU
A Universidade Estadual do Rio de Janeiro selecionou a obra “Não me
abandone jamais”, de Kazuo Ishiguro, obra vencedora do prêmio Nobel de
Literatura em 2017, como base para o tema da Redação.
Sinopse da obra: Kathy, Tommy e Ruth são clones criados para doar órgãos. Tendo
esse cenário de ficção científica por pano de fundo, e o triângulo amoroso como
gancho, Kazuo Ishiguro fala de perda, de solidão e da sensação de que às vezes
temos de já ser "tarde demais". (...) Kathy H. tem 31 anos e está
prestes a encerrar sua carreira de "cuidadora". Enquanto isso, ela
relembra o tempo que passou em Hailsham, um internato inglês que dá grande
ênfase às atividades artísticas e conta, entre várias outras amenidades, com
bosques, um lago povoado de marrecos, uma horta e gramados impecavelmente
aparados. No entanto esse internato idílico esconde uma terrível verdade: todos
os "alunos" de Hailsham são clones, produzidos com a única finalidade
de servir de peças de reposição. Assim que atingem a idade adulta, e depois
de cumprido um período como cuidadores, todos têm o mesmo destino - doar seus
órgãos até "concluir" (morrer). Embora à primeira vista pareça
pertencer ao terreno da ficção científica, o livro de Ishiguro lança mão desses
"doadores", em tudo e por tudo idênticos a nós, para falar da
existência. Pela voz ingênua e contida de Kathy, somos conduzidos até o terreno
pantanoso da solidão e da desilusão onde, vez por outra, nos sentimos prestes a
atolar.
O falecimento de um paciente costuma causar mudanças drásticas na vida
dos familiares. O seguimento de um protocolo pode contribuir para que a
informação de morte seja transmitida e recebida de forma humanizada e
minimamente traumática, para tranquilizar a família e auxiliar no pedido de
doação de órgãos. (...) O primeiro passo é a preparação do local da conversa
com os familiares (setting up), enquanto o segundo (perception) envolve o conhecimento da família sobre o estado do paciente; o terceiro (invitation) e o quarto (knowledge) passos estão relacionados ao interesse do
familiar em saber detalhes sobre a remoção e o transplante de órgãos. O quinto
(emotions) consiste em dar conforto ao familiar, e o último passo (strategy and summery) oferece a estratégia de ação. (...) No contexto da ação de uma
equipe multidisciplinar, a utilização desse método poderá trazer aos familiares
maior conforto e alívio, sobretudo ao receber claramente a informação de que o
paciente falecido foi humanamente tratado durante todo o processo de doença até
a doação dos órgãos. Além disso, a comunicação de forma menos traumática
contribui para que se forme um vínculo de confiança dos familiares com a equipe
multidisciplinar que vai auxiliar no enfrentamento do luto pelos parentes.
Maria Eduarda Maestri
Casara, Universidade do Oeste de Santa Catarina
Amanda Pastorello
Rodrigues, Universidade de Santa Catarina
A doação de órgãos pode salvar muitas vidas. Cada
doador beneficia, em média, cinco pessoas. Entretanto, a falta de aprovação da
família ainda é um empecilho para quem está na fila dos transplantes. Hoje, 50%
das famílias nega a doação de órgãos dos entes falecidos. Os transplantes mais
comuns são: rim, fígado, pâncreas, coração, pulmão e intestino, nessa ordem.
Além dos órgãos, tecidos como córnea, pele e ossos podem ser doados. (...) Por
causa da falta de doador morto, casos de doação intervivos crescem.
Meu humor não estava dos melhores, porque a
pessoa de quem eu tomava conta na época tinha concluído na noite anterior,
(...) Quando um doador conclui de forma assim tão repentina, tanto faz o que os
enfermeiros dizem depois, assim como também pouco importa o que vem escrito
naquela cartinha em que eles declaram que você fez o possível (...). Pelo menos
por uns tempos, o sentimento é de desânimo total. Alguns de nós aprendem
rapidinho a lidar com a situação. Outros, porém — como Laura —, não conseguem.
Kazuo
Ishiguro
Não
me abandone jamais. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir da leitura do
romance “Não me abandone jamais”, dos textos motivadores e em suas próprias
reflexões, escreva uma redação argumentativo-dissertativa, em prosa, com 20 a
30 linhas, sobre o seguinte tema: “O tabu em torno da doação de órgãos é o resultado do apagamento da compaixão social?