EM - DISSERTAÇÃO - MODELO FUVEST - NECROPOLÍTICA E CAUSAS INDÍGENAS
FUVEST
NECROPOLÍTICA NAS CAUSAS INDÍGENAS
MODELO FUVEST
ID: H74
Texto I
Você sabe o que é necropolítica?
Em dadas ocasiões, os Estados modernos adotam, em suas estruturas internas, o uso da força como uma política de segurança para suas populações. Ocorre que, por vezes, os discursos utilizados para validar essas políticas de segurança podem acabar reforçando estereótipos, segregações, inimizades e até mesmo extermínio de determinados grupos. Dessa ideia surge o termo “necropolítica”, que vem questionar se o Estado possui ou não “licença para matar”, em prol de um discurso de ordem. (...)
Onde surgiu o termo necropolítica?
A origem do termo parte da obra do filósofo, teórico político, historiador e intelectual camaronês Achille Mbembe, que nasceu na República dos Camarões, país da região ocidental da África Central, em 1957. Atualmente, Mbembe é professor de História e Ciências Políticas do Instituto Witwatersrand, em Joanesburgo, África do Sul, e na Duke University, nos Estados Unidos. Ele é reconhecido como estudioso da escravidão, da descolonização e da negritude.
IGNACIO, Julia. Disponível em: https://www.politize.com.br/necropolitica-o-que-e/. Adaptado. Acesso em 7.jul.2022.
Texto II
Necropolítica e o corpo indígena
A
violência contra povos indígenas remonta ao processo histórico de conquista da
América. Segundo sua ótica, o branco europeu, que se considerava superior,
intentou aproximar os indígenas da esfera da cidadania. No final das contas,
poderíamos dizer que se trata de um dos maiores genocídios da história da
humanidade. No Brasil, se, por um lado, direitos dos povos indígenas foram
reconhecidos a partir da instauração da república, por outro, suas vidas
passaram a ser mais controladas por um poder tutelar. (...) A Comissão Nacional
da Verdade, instituída pelo governo do Brasil em 2011, a fim de investigar
graves violações de direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, revelou “uma
política de contato, atração e remoção de indígenas de seus territórios em benefício
das estradas e da colonização pretendidas”. Ademais, estava em jogo o não
reconhecimento da identidade dos grupos indígenas que viviam nessas regiões – seria
necessário elidir a cultura dos indígenas, de modo a transformá-los em cidadãos
brasileiros, segundo normas impostas pelo Estado. Considerando informações da
Comissão, assassinar ou violentar indígenas, durante o regime militar,
aparentemente, não eram infrações penais. Retirada sua condição de humanidade, o
extermínio do indígena se aproximava ao de um animal selvagem.
Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/sociologia/necropolitica. Adaptado. Acesso em 7.jul.2022.
Texto III
Disponível em: https://pt.org.br/uniao-dos-povos-indigenas-assassinato-de-bruno-e-dom-e-crime-politico/. Acesso em 7.jul.2022.
Unijava é uma organização não-governamental indígena, na qual Bruno Pereira trabalhava quando foi assassinado.
Texto IV
Eduardo Mei – A necropolítica é absolutamente
contraditória a qualquer forma de democracia, mesmo a nossa precária democracia
que perdurou até 2016, da qual temos tantas saudades. A necropolítica é a
institucionalização da exclusão social e da violência estatal e paraestatal
contra a maioria da população brasileira – pobre, negra, indígena, já excluídas.
No Brasil atual, a necropolítica é o último recurso para confinar o negro e o
pobre na senzala, e o “índio” na menor reserva indígena possível. A democratização
e a inclusão social dos anos recentes, mesmo que muito limitadas, incomodaram a
turma da casa grande - ou que se acha da casa grande. A manifestação mais
patente disso se apresenta na visibilidade ou na invisibilidade de amplos
segmentos da população. Enquanto o negro e o pobre são invisíveis nos
presídios, ou invisíveis fazendo, uniformizados, a limpeza de aeroportos e
shopping centers, os “cidadãos de bem”, ou seja, a “sociedade branca”, não se
incomoda. Mas quando o negro, o pobre, o indígena chegam à universidade ou
passam a frequentar os aeroportos e shoppings, como turistas e consumidores, a
casa grande começa a se incomodar. Nesse sentido, no Brasil atual, a
necropolítica é o último recurso para confinar o negro e o pobre na senzala e o
“índio” na menor reserva indígena possível, de modo a garantir a sua
“assimilação” ou extermínio.
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos. Disponível em: https://www.institutobuzios.org.br/a-necropolitica-brasileira-e-sua-origem-na-guerra-colonizadora/#:~:text=A%20necropol%C3%ADtica%20%C3%A9%20a%20institucionaliza%C3%A7%C3%A3o%20da%20exclus%C3%A3o%20social,na%20menor%20reserva%20ind%C3%ADgena%20poss%C3%ADvel%20%E2%80%93%20Eduardo%20Mei. Adaptado. Acesso em 7.jul.2022.
Eduardo Mei é docente de Sociologia do curso de Relações Internacionais (RI) da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) da UNESP (Universidade Estadual Paulista). Doutor em História pela Unesp.
PROPOSTA DE
REDAÇÃO: Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras
informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual
você exponha seu ponto de vista sobre o tema: Reflexões sobre a necropolítica
no contexto das causas indígenas.