EM - CRÔNICA DESCRITIVO-REFLEXIVA - MULHER UCRANIANA
CRÔNICA - EM
MULHER À ESPERA DA FUGA
CRÔNICA DESCRITIVO-REFLEXIVA
ID: GHV
FOTO DE EMILIO MORENATTI, AP IMAGEM CEDIDA POR EMILIO MORENATTI, AP
Uma mulher espera o trem para fugir
de Kiev. A Rússia começou seu antecipado ataque sobre a Ucrânia. Grandes
explosões ocorreram antes do amanhecer em Kiev, Carcóvia e Odessa enquanto as
lideranças mundiais temem que a invasão russa gere baixas massivas e acabe
derrubando o governo democrático da Ucrânia.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: Observe atentamente o texto acima
(imagem e informação), analise-o, e então redija uma crônica descritivo-reflexiva
de, aproximadamente, 25 linhas.
Antes de escrever, “dialogue” com a mulher,
à espera da fuga. Repare as mãos em prece, os cabelos despenteados. Será que
está com frio, com fome? O que ouve – há pessoas em seu entorno. Ouve os
estouros das bombas? O que leva na mochila? O que deixa para trás?
Atribua um título ao texto. Não
economize sensibilidade!
O que é crônica descritivo-reflexiva?
A descrição reflexiva vai muito além do registro objetivo daquilo que se pretende “desenhar” com palavras. É a apreensão daquilo que nem sempre se vê – é o contato com o “de dentro” de pessoas ou coisas. É preciso que o escritor tenha sensibilidade e perceba situações que transcendem o olhar comum e superficial. Os apontamentos são subjetivos, a partir de percepções, reflexões e experiências do próprio escritor.
O que se avalia numa crônica descritivo-reflexiva é a capacidade de o aluno provocar os apelos da alma em choque com o mundo contemporâneo, por vezes caótico, em razão dos desequilíbrios sociais (guerra, abandono, pobreza, desigualdade, avareza, corrupção etc.).
Nesses textos, a função da linguagem não é informativa, e sim poética e expressiva.
Nas reflexões, como o próprio termo sugere, importa o registro da sofisticação, da inquietação e da intensidade do pensamento. A linguagem figurada (metáfora, sinestesia, personificação etc.) pode ser importante aliada às crônicas descritivo-reflexivas.
No fragmento abaixo, do escritor Graciliano Ramos, com adaptações, temos um exemplo de texto predominantemente descritivo-reflexivo:
Meu avô materno era alto e magro, de cabelos e barba como pasta de algodão, não desperdiçava tempo em cantiga, nem se fatigava em miuçalhas. (...) A voz lenta, nasal, pigarreada pelo excesso de tabaco, rolava com um ronrom descontente que nos arranhava os ouvidos, depois se insinuava, se adocicava, tomava a consistência de goma. Tínhamos a impressão de que a fala ranzinza nos acariciava e repreendia. Os gestos eram vagarosos. Homem de imenso vigor, resistente à seca, ora estava na prosperidade, ora no desmantelo, reconstruindo a fortuna, corajoso, com as mãos duras.