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EM - CARTA ARGUMENTATIVA - MODELO UNICAMP - CENSURA A OBRAS LITERÁRIAS
UNICAMP
CARTA ARGUMENTATIVA
CENSURA A OBRAS LITERÁRIAS
MODELO UNICAMP – ID: J66
'O Avesso da Pele',
que debate racismo, é censurado, por reação equivocada ao conteúdo
Especialistas
afirmam que a justificativa apresentada pelos governos do Mato Grosso do Sul,
de Goiás e do Paraná para recolher das escolas públicas os exemplares do livro de
Jeferson Tenório, “O Avesso da Pele”, é falha, fraca e escorada no racismo,
repetindo procedimento de censura típico dos anos da Ditadura Militar. As
secretarias de educação afirmam que a obra apresenta “expressões impróprias”
para menores de 18 anos, e que, por este motivo, precisaria ser reavaliada ou
retirada das bibliotecas das instituições. Entretanto, especialistas argumentam
que há confusão entre o interesse privado e o público na ação desses governos
estaduais, já que a obra é premiada e foi selecionada para distribuição escolar
pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), do MEC. A
obra consta ainda na lista de livros obrigatórios do vestibular do Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), considerado um dos mais concorridos de todo o
país. (...) O livro, que foi publicado em 2020 e venceu o Prêmio Jabuti (o mais
importante do setor), narra a história de Pedro, que teve o pai assassinado em
uma abordagem policial. A obra apresenta questões raciais que vão desde o
racismo estrutural à violência policial, e trata ainda da fetichização e
sexualização de corpos negros.
SANTOS, Emily. Disponível
em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/03/08/o-avesso-da-pele-livro-que-debate-racismo-e-censurado-em-escolas-de-3-estados-por-reacao-equivocada-ao-conteudo-alertam-especialistas.ghtml.
Adaptado. Acesso em 26.jun.2024.
Quando soube que a própria
bisneta adaptaria a obra de Monteiro Lobato, estranhei. (...) Meu estranhamento
se misturava à sensação de incômodo que eu sabia exatamente de onde vinha:
mexer em um texto literário, um clássico, não é algo bem-visto pela perspectiva
dos estudos literários. Isso porque todo texto fala de seu tempo, do lugar onde
foi escrito, das pessoas que viveram à época de sua concepção e daquelas que
primeiramente o leram. Assim, ainda que os motivos de Cleo [a bisneta] para
adaptar a obra de Lobato me parecessem louváveis (na época, eu achava que ela
queria retirar do texto expressões hoje entendidas como racistas, mas, adiante,
fui entender melhor), a iniciativa em si ainda me confundia. Porém, como
pesquisadora, meu papel é buscar entender uma situação-problema por diversos
prismas. Fazemos pesquisa para que nossos estudos alcancem a sociedade e possam
tornar o mundo um lugar melhor e mais democrático, sobretudo quando é a
universidade pública que nos impulsiona. O mesmo acontece com a literatura, que
deve alcançar seus leitores, sem os quais ela nem sequer existe – um livro
infantil que não alcance crianças é um livro que não tem razão de existir.
Monteiro Lobato escreveu livros para as crianças e sobre as crianças. Ele não
escreveu as histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo para pesquisadores. E, como
pesquisadora, meu papel é olhar para todo esse movimento de maneira
investigativa: quanto de reconhecimento e identificação, seja consigo, com seu
espaço ou com seu tempo, este livro pode proporcionar aos leitores? Quanto este
livro facilitará ou impedirá a relação dos leitores com o mundo? Se a balança
pende para causar dor em uma criança, isso precisa ser revisto. (...) A escola
é o mundo de muitas crianças e, por isso, não é aceitável que qualquer uma delas
sofra em sala de aula, justamente no espaço em que ela deveria se fortalecer.
Então, se a adaptação de que falamos aqui, cujo foco está em atualizar para
hoje a mesma pujança que se lia na Tia Nastácia de um século atrás, essa
adaptação é bem-vinda.
CHIARADIA, Kátia.
Disponível em: https://www.lobato.com.vc/2022/11/o-que-significa-adaptar-uma-obra/.
Adaptado. Acesso em 26.jun.2024.
A Academia
Brasileira de Letras (ABL) quebrou o silêncio e repudiou a censura imposta, em 20/06/2024,
em Minas Gerais, ao livro "O Menino Marrom", de Ziraldo. Em
comunicado oficial, a ABL condenou veementemente qualquer forma de censura a
obras literárias, destacando um preocupante "modus operandi" no
Brasil nos últimos anos. “Infelizmente, episódios dessa natureza têm se
repetido em escolas brasileiras, seguindo um padrão preocupante: um livro é
selecionado e aprovado pelo Ministério da Educação, é aceito pelas escolas e,
posteriormente, vira alvo de censura por parte de pais ou pedagogos, que apresentam
argumentos frágeis e insuficientes contra a obra literária”, destacou a ABL,
que também falou sobre a importância da integridade das produções culturais e
dos autores brasileiros. “Este livro, publicado em 1986 por um autor premiado e
respeitado tanto no Brasil quanto no exterior, é um clássico da nossa
literatura infantojuvenil, lido nas escolas brasileiras há quase quatro
décadas”, enfatizou.
Disponível em: https://revistaforum.com.br/cultura/2024/6/26/abl-se-pronuncia-sobre-censura-do-livro-o-menino-marrom-feita-por-incentivo-de-pastor-do-pl-161153.html.
Adaptado. Acesso em 26.jun.2024.
PROPOSTA DE
REDAÇÃO: Escreva uma CARTA ARGUMENTATIVA, endereçada ao Ministério da Educação,
em cuja carta, a partir dos textos de apoio, você apresente e discuta o tema: Literatura brasileira - a fidelidade histórica frente à censura contemporânea. Termine a carta com
sugestões para que se encerre a demanda.
O que é Carta Argumentativa?
É um gênero textual
que se apropria do tipo dissertativo. Ainda há quem pense que uma dissertação
argumentativa com data, vocativo e assinatura configura-se uma carta. Isso é
engano. Quando se fala em carta argumentativa, espera-se que, ao longo do
texto, as marcas de interlocução sejam mantidas (vocativos, pronomes) - é fundamental não esquecer que se escreve
para uma pessoa/entidade pré-determinada. Por meio da carta argumentativa,
pretende-se convencer o interlocutor (uma pessoa ou uma entidade) sobre o que
está sendo enfrentado e pedido. É possível escrever na 1.ª pessoa do singular
(quando o próprio remetente dirige-se ao destinatário) ou na 3.ª pessoa do
singular (quando o remetente, em nome de uma entidade, dirige-se ao
destinatário). Nas cartas formais é preciso, também, empregar os pronomes de
tratamento respeitosos.
Atenção à
estrutura-padrão da carta:
. Data;
. Vocativo,
distinção do cargo do destinatário;
. Apresentação do
remetente (nos vestibulares, só as iniciais – o candidato não pode se
identificar);
. Apresentação do assunto;
. Argumentação;
. Pedido/intenção;
. Despedida;
. Assinatura (só as iniciais).