Como isso foi parar aí? Conheça o navio 'naufragado' no meio do deserto
Marcel Vincenti – 24/10/2023
Parece filme de Hollywood, mas é a vida real. A Namíbia, país localizado
no sudoeste do continente africano, possui uma região chamada Costa dos
Esqueletos, que constitui um trecho litorâneo banhado pelo oceano Atlântico e
que, há centenas de anos, aterroriza experientes navegadores de diversos cantos
do mundo.
Nesta região, que costuma ser coberta por uma espessa névoa que diminui
a visibilidade sobre o mar, afundaram ou encalharam dezenas de navios nos últimos séculos: um deles,
chamado Eduard Bohlen, faz parte, hoje, de uma paisagem inacreditável.
Encalhada na Costa dos Esqueletos em 1909, durante uma viagem entre os
portos de Swakopmund (parte do que atualmente é território namíbio) e Table Bay
(também na África), a embarcação se encontra no meio do deserto, a mais de 300
metros do oceano. Sua carcaça foi parcialmente engolida pela areia, e,
atualmente, as pessoas se perguntam: "como ela foi parar ali?"
As fotos (principalmente as aéreas) do Eduard Bohlen parecem inventadas:
à primeira vista, a impressão é a de que o navio, tal qual uma nave espacial,
caiu do céu no coração do deserto, rasgando a areia com uma aterrissagem
forçada. (...) As dimensões da embarcação impressionam: são quase 95 metros de
comprimento por 11 metros de largura máxima. Sua estrutura está corroída pelo
clima e pelo tempo, mas, ainda assim, rende grandes fotos para quem se aventura
nestas paragens da África. A área onde se localiza o Eduard Bohlen já foi,
logicamente, banhada pelo oceano. Com o passar dos anos, entretanto, o deserto
avançou sobre o mar e aterrou esta zona.
CONTEXTUALIZAÇÃO E COMANDO: A matéria lida é a base para a construção de
uma NARRATIVA DE FICÇÃO CIENTÍFICA. Você deverá considerar que “o navio, tal
qual uma nave espacial, caiu do céu, no coração do deserto, rasgando a areia
com uma aterrissagem forçada”.
Você já sabe...
Em NARRATIVAS DE FICÇÃO CIENTÍFICA, como o próprio nome diz, existe a tentativa de convencer o leitor de que a trama, por vezes, pode não ser possível no contexto atual, mas poderia ser – isso porque tais narrativas devem ser, o quanto possível, verossimilhantes e, para tanto, é preciso que haja certa coerência entre ciência, tecnologia e situação fática/realidade.
Para validar a ficção científica, o escritor pode recorrer a ambientações futuras; inteligências ou atitudes humanas (cientistas, pesquisadores etc.); inteligências, atitudes ou invasões não humanas (extraterrestres, robôs etc.); viagens no tempo (máquina do tempo – passado ou futuro) e no espaço (batalha em Marte, na Lua etc.).
Entretanto, as narrativas científicas não se valem necessariamente/apenas de ambientações futuras – é possível partir da realidade/do plano atual, e então fazer uma releitura, de modo cientificamente sofisticado, sinistro e, ao mesmo tempo, convincente, a fim de que o leitor possa mergulhar e, ainda que apenas naquele instante, acreditar no contexto desse universo inventivo.