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EFAF - CRÔNICA ESPORTIVA - OLIMPÍADAS DE PARIS

CRÔNICA JORNALÍSTICA - EF ANOS FINAIS

CRÔNICA ESPORTIVA

UM EPISÓDIO OU UM ATLETA DAS OLÍMPIADAS DE PARIS

ID: J4F



Não custa lembrar...

Na crônica esportiva, gênero do discurso jornalístico, o cronista propõe-se a registrar, por exemplo, momentos de tensão ou euforia ao longo de um jogo, lances decisivos para a vitória ou a derrota de determinado time, perfis de atletas de relevo ou de ingressantes, contusões, casos de advertência ou expulsão, acertos, erros, elogios ou críticas à arbitragem, prorrogações, condições adversas à partida – como chuva (em caso de jogos que acontecem ao ar livre) ou precariedade do ginásio poliesportivo. As possibilidades de abordagem não se esgotam aqui.

Importante notar que o cronista esportivo não, necessariamente, é um expert nas modalidades do atletismo a que se refere sua crônica, que é um texto bem equilibrado de comentários do universo esportivo e da riqueza de imagens, trocadilhos e demais figuras de estilo. As técnicas de cada modalidade esportiva são, geralmente, oralizadas por comentaristas especializados ao mesmo tempo em que acontecem os jogos ou as performances dos atletas.

O vocabulário empregado pelo cronista é leve e acessível, tendo em vista que, quase sempre, é publicada em jornais de alcance do público em geral. Pode ser escrita na 1ª ou na 3ª pessoa do discurso, e comportam instantes de fina ironia e bom humor; comentários preconceituosos são proibidos.

Entre cronistas esportivos brasileiros, destaca-se o carioca Nelson Rodrigues (1912-1980), que também era jornalista e dramaturgo. É dele a máxima: “Em futebol, o pior cego é o que só vê bola.”


Planejamento:

1º parágrafo: apresentação dos fatos/da competição/da performance e da opinião do cronista;

Parágrafos intermediários: argumentação, análise, expansão e justificativa da opinião do cronista;

Último parágrafo: conclusão – por exemplo, com a retomada dos principais aspectos dos fatos registrados.






Leia o fragmento de uma crônica esportiva de Nelson Rodrigues, sobre a performance de Pelé, escrita em 1958, quando o Rei do Futebol ainda era estreante:

Depois do jogo América x Santos seria um crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura que o meu confrade Laurence chama de ‘o Domingos da Guia do ataque’. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: — 17 anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de 40, custo a crer que alguém possa ter 17 anos, jamais. Pois bem: — verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo como uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se ‘Imperador Jones’, se etíope. Racialmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — ponham-no em qualquer rancho e sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.

O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: – a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola, e dribla um adversário é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônia. Já lhe perguntaram: — Quem é o maior meia do mundo?. Ele respondeu com a ênfase das certezas eternas: — Eu. Insistiram: — Qual é o maior ponta do mundo? E Pelé: — Eu. Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção que ninguém reage e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé… Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e, mesmo, insolente de que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas-de-pau.

Disponível em: https://www.terra.com.br/esportes/futebol/meu-personagem-da-semana-leia-cronica-de-nelson-rodrigues-sobre-pele-em-1958,5f40b5aea932b258739a2a2e4670a45152o5uvyd.html#google_vignette


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