Não custa lembrar: a palavra “charge” é de origem francesa, e significa “carga”, ou seja, traços carregados ou caricaturais de situações cotidianas atuais, de grande repercussão, a fim de torná-las mais graves, extravagantes, irracionais. Crítica, ironia e bom humor são elementos essenciais às charges, além das construções intencionalmente ambíguas, metafóricas e trocadilhescas, com a finalidade de protestar/desconstruir narrativas/situações com as quais o chargista não concorda. Por meio de imagens (personagens e/ou coisas) e balões (texto de vocabulário simples), a charge é um texto de caráter opinativo, veiculada em jornais e revistas – impressos ou virtuais.
COMO FAZER UMA CHARGE?
1. Escolha uma situação polêmica e atual que você pretenda criticar – por exemplo: as queimadas na Amazônia, a superlotação nos presídios, o aumento do preço dos combustíveis, a corrupção, as crianças em situação de rua, as rodovias esburacadas etc., etc.
2. Pense, exatamente, em como “exagerar” no aspecto inconveniente/contrastante dessa situação, e use texto não verbal (desenho de personagens e/ou coisas) e, se for o caso, texto verbal (poucas falas das personagens que vivem a situação), para desenvolver a crítica.
Veja um exemplo de charge:
Charge do Cazo. Disponível em: https://www.humorpolitico.com.br/page/3/?s=carne
Perceba que o chargista Luiz Fernando Cazo, por meio do humor refinado (e não apenas cômico), utilizou e explorou um fato extraído do cotidiano brasileiro (aumento do preço da carne), ampliou a situação (pai de família chora diante do pedaço de carne) e terminou com um raciocínio lógico e crítico (personificação, com a despedida do bife).
CONTEXTUALIZAÇÃO: Há muito tempo, em um lugar chamado Palestina, começou uma briga muito
séria. De um lado, israelenses (que são pessoas que moram em Israel), e do
outro, os palestinos (que vivem na Palestina). Essa briga faz parte de uma
confusão maior que envolve países vizinhos também. Tudo começou há mais de cem
anos, quando algumas pessoas que seguem a religião judaica, chamadas de judeus,
decidiram se mudar para a Palestina. Eles queriam criar um país só deles,
porque, por muito tempo, eles não tinham um lugar que lhes pertencesse. Mas os judeus
foram muito maltratados não só na Palestina, como também em diferentes lugares
do mundo. Eles tinham um plano chamado “sionismo”, que era como um sonho de ter
um país onde pudessem viver em paz. Mas a Palestina já era a casa de muita
gente que era árabe, e essas pessoas não estavam muito felizes com os judeus
por perto. Muitos desses árabes tinham vindo de lugares próximos, como a Síria,
porque lá eles podiam cuidar dos animais e encontrar trabalho. É preciso ainda dizer que o conflito entre Israel e Palestina mistura religião e política, e já estende há décadas, com milhares de mortos em ambos os lados.
Gislaine Buosi, com trecho recolhido do Portal G1.
COMANDO: O contexto acima, em especial o trecho: “o conflito entre Israel e Palestina mistura religião e política, e já estende há décadas, com milhares de mortos em ambos os lados”, é o ponto de partida para a produção de sua CHARGE. Procure
também aproveitar o conteúdo que você tem apreendido não só em sala de aula,
como também nos telejornais e em outros meios de comunicação.