A intolerância sempre foi um grande mal. Nos idos da
Revolução Francesa, por exemplo, Maria Antonieta, a rainha, foi mandada para a
guilhotina, sob a falsa acusação de ter comprado, com o dinheiro do povo, um colar
de diamantes que, segundo o seu biográfico, Stefan Zweig, ela jamais o viu. De
nada adiantaram os argumentos em sua defesa, “tal o ódio ilimitado de seus
adversários”, no dizer de Zweig. (...) O erro do julgamento só veio a ser
corrigido muito mais tarde, quando só restava a absolvição pela História. (...)
Foi sempre mais fácil argumentar que a culpa pela intolerância é da imprensa. O
que é incompreensível é que essa prática continue em vigor em plena democracia.
A sociedade e o cotidiano foram tomados por uma
gama de produtos eletroeletrônicos que ampliaram as possibilidades de interação
entre os sujeitos e fomentaram uma via de posicionamento em relação ao
exercício da cidadania e ao ativismo político. Nesse contexto, é natural que
existam relações de comunhão e conflito, haja vista o fato de que numa
sociedade plural e democrática deva preservar a convivência pacífica entre
visões diferentes de mundo.
No entanto, tornam-se cada vez mais necessárias
ações que visem a compreensão e a sensibilização para os valores democráticos,
principalmente os da tolerância com as diferenças e o respeito às liberdades e
garantias individuais. Apenas desta forma crê-se que a barbárie não tomará o
lugar da civilidade. As redes sociais digitais, em sua configuração particular,
explicitaram a emergência de produção e de circulação de enunciados de protesto
(contrapalavra), portanto, situações de enfrentamento, lutas políticas e
ideológicas. Evidencia-se, assim, o potencial dessas redes sociais de se
constituírem como espaços contemporâneos para publicizar a produção dos
próprios sujeitos envolvidos no evento como alternativa a outras mídias como,
por exemplo, jornais e revistas, pertencentes às grandes empresas de
comunicação que, por vezes, corroboram os interesses de uma classe hegemônica
representante do discurso oficial.
QUADRADO,
Jaqueline Carvalho e FERREIRA, Ewerton da Silva. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rk/a/3LNyLswf9rkhDStZ9v4YT3H/.
Adaptado. Acesso em 18.abr.2023.
COMANDO: Escreva um ARTIGO DE OPINIÃO sobre o tema
depreendido na coletânea de apoio. Seu texto deverá, além de problematizá-lo, responder
à pergunta: “Como conter os discursos de ódio nas redes sociais?” Escreva de 25
a 30 linhas.
Você já sabe...
O ARTIGO DE OPINIÃO, como o próprio nome adianta, é
um texto em que o autor expõe seu ponto de vista a respeito de algum tema
polêmico. É um gênero textual que se apropria, predominantemente, do tipo
dissertativo.
Dá-se o nome de articulista àquele que escreve o
Artigo, que é um serviço prestado ao leitor, com o objetivo de convencê-lo
acerca não só a respeito da importância do tema ali enfrentado, como também da
relevância do posicionamento do articulista. São comuns o apelo emotivo, as
acusações, o humor, a ironia – tudo baseado em informações factuais.
O Artigo
é, geralmente, escrito na primeira pessoa do discurso, contém título e
assinatura.
A estrutura do Artigo de opinião, ainda que
maleável, procura seguir:
. Introdução, com a apresentação do tema e da tese
a ser defendida;
. Desenvolvimento, com as argumentações e/ou exemplificações
para a defesa da tese e
. Conclusão, com a reafirmação da tese e a
provocação do leitor, encaminhando-o para as próprias reflexões.
ALERTA! Cuidado com as armadilhas da primeira
pessoa: Ainda que você desenvolva um texto de opinião, não escreva: “eu acho
que”; “na minha opinião”; “no meu modo de pensar” etc., porque essas expressões
são consideradas armadilhas da primeira pessoa.