A Plataforma Redigir tem uma série de podcasts para você! 😉
A professora Gislaine Buosi trata de temas potenciais à redação do Enem e à redação dos grandes vestibulares do Brasil. Além da discussão, o podcast contempla indicação de repertório sociocultural, leitura de infográficos, propostas de intervenção social e tudo o que diz respeito às estratégias de argumentação.
Assuntos diários, que impactam a sociedade, a saúde, a educação, a economia e a política são abordados nos podcasts, cuja intenção é preparar os alunos, em especial, para redação do Enem, da Fuvest e da Unicamp.
Confira o episódio!
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Olá, pessoal! Seja muito bem-vindo a mais um podcast da Plataforma Redigir. Vocês já me conhecem, sou Gislaine Buosi, escritora e professora de Redação. No episódio de hoje, vamos abordar, em especial, dois recortes temáticos: “Os desafios para acabar com o ageísmo na sociedade brasileira” e “A questão do etarismo na sociedade contemporânea”. Se isso interessa a vocês, fiquem por aqui!
Antes de tudo, é preciso dizer que qualquer tema em torno do IDOSO é potencial não só à redação do Enem, como também a de grandes vestibulares.
Talvez vocês não saibam: Em 2009 – hummm… faz tempo! -, o Enem propôs, em 2009, “A valorização do idoso”, e, naquele ano, o Enem foi cancelado, porque aconteceu o vazamento dos cadernos de prova, enfim. Na coletânea de apoio havia um trecho do Estatuto do Idoso, além de outros dois textos: um sobre a “revolução demográfica”, quer dizer, sobre o aumento da expectativa de vida da população brasileira, e um outro, de viés poético, sobre a diferença entre ser idoso e ser velho.
Pois bem… De lá para cá, recortes sobre o idoso, não foram mais cogitados – então está aqui o motivo da minha aposta para esse ano.
A respeito da população idosa, há infinitas possibilidades de abordagem. Só para citarmos algumas: Alfabetização; Inclusão digital; Formação universitária; Empregabilidade; Inclusão social – com o fomento ao turismo, por ex.; Abandono afetivo e maus-tratos; Doenças mentais; Suicídio; Acolhimento aos idosos em situação de conflito armado; Humanização do atendimento médico-hospitalar; Adoção de idosos – e, sobre esse último recorte, há, inclusive, um Projeto de Lei, em trâmite nas casas legislativas.
Vocês, que acompanham os podcasts da Plataforma Redigir, sabem que temos uma estratégia excepcional – nossa discussão está organizada para atender, pontualmente, aos comandos do Enem, e, desse modo, no primeiro bloco, fazemos o projeto textual, que precisa ser desenhado logo no parágrafo introdutório, com a apresentação do tema, a antecipação dos argumentos e a exposição da tese; em seguida, ainda no primeiro bloco, levantamos possíveis repertórios socioculturais autorais.
No segundo bloco, selecionamos 2 ou 3 dos argumentos cogitados e, então, os desenvolvemos.
No terceiro e último bloco, sugerimos uma proposta de intervenção social, a fim de resolvermos o problema-alvo da nossa dissertação.
Nesse primeiro bloco – tema, argumentos, tese e repertório. Não vamos perder de norte que estamos considerando dois recortes. Vou repeti-los: “Os desafios para acabar com o ageísmo na sociedade brasileira” e “A questão do etarismo na sociedade contemporânea”.
Só um instantinho – ocorreu-me uma dúvida… A palavra: ageísmo – está claro para vocês o que significa “ageísmo”?
Esse termo foi criado pelo gerontologista e psiquiatra americano Robert Butler, em 1969, quando ele se referia à discriminação, ao preconceito contra pessoas idosas.
Para essa nossa discussão, é importante dizermos que as palavras: ageísmo, etarismo, idadismo, idosismo e velhofobia são sinônimas entre si. Aqui, o sufixo “ismo” tem caráter pejorativo, e, sem dúvida, sugere algo que precisa ser reavaliado/ajustado/resolvido – como acontece em machismo, consumismo, capacitismo.
Ok?
Para a apresentação do tema, faço referência à lei – e, fazendo isso, já menciono um repertório sociocultural – a legislação é válida como repertório. Assim:
O Estatuto da Pessoa Idosa regula interesses, garantias e medidas protetivas em favor de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. O texto dessa lei federal penaliza todo aquele que, por qualquer motivo, discriminar a pessoa idosa. Fica claro, então, que o etarismo, o preconceito contra o idoso, configura-se uma conduta criminosa.
Aos argumentos, então:
Como vocês puderam comprovar, o tema é envolvente, é polêmico e tem tudo pra render uma boa argumentação – até porque assunto é muito próximo de todos nós – quem é que não tem um idoso por perto? Por isso, vamos admitir, há um leque de possibilidades argumentativas. Vou levantar algumas:
. O etarismo como combustível ao isolamento e a doenças mentais, o que pode, inclusive, desencadear o suicídio do idoso, por vezes apenas tentado, por vezes consumado;
. O etarismo do próprio idoso;
. As abordagens etaristas já naturalizadas;
. A família que desiste do idoso;
. O etarismo, não só naturalizado, popularmente naturalizado, como também o etarismo institucionalizado… Vou fazer a seguir algumas considerações sobre uma conexão importante entre o etarismo e a necropolítica.
E agora a tese, que é o ponto de vista a ser defendido ao longo das argumentações. A tese é esta: É tempo de Poder Público e sociedade civil atentarem aos idosos, com vista a torná-los atores sociais plenos de direitos e oportunidades.
Tese das mais simples, e, mesmo assim, bem eficiente – uma tese pré-fabricada – basta um pouco de habilidade, e ela tese pode servir a muitos outros temas. Pensem nisso, tá? Ela funciona bem.
Repertório sociocultural autoral – e vocês já sabem: para conseguirem a pontuação máxima na Competência 2, além de focalizarem exatamente o recorte temático, é preciso trazerem ao texto um repertório autoral – quer dizer, algo que tenha sido, de fato, levantado por vocês, e não apenas absorvido do material de apoio. Nesse aspecto, vemos que a interdisciplinaridade é posta à prova – vale trazermos elementos colhidos da História, do Cinema, da Literatura, da Geopolítica e de tantas outras frentes do conhecimento.
Para o repertório, então, além do dispositivo legal que já mencionei quando da apresentação do tema, trago duas possibilidades: a mitologia indígena – os Baniwa são indígenas que vivem na fronteira do Brasil com a Colômbia – a cultura Baniwa prestigia os idosos, em especial por conta dos conhecimentos espirituais, quer dizer, não-materiais, adquiridos por eles ao longo da vida, entre os quais o dom da cura e o da clarividência.
Percebam: é o povo indígena dando a todos nós lições de humanidade, solidariedade e afeto, fundamentais ao bom convívio social.
Outro repertório possível é o longa austríaco Amour – de fato, uma linda história de amor: a vida conjugal de Georges e Anne, dois idosos apaixonados pela arte e, principalmente, apaixonados um pelo outro. Nesse longa, que também fica aqui indicado, os desafios da terceira idade afetam a vida do casal, muito embora o amor entre eles seja inabalável.
Neste segundo bloco, vamos selecionar e desenvolver alguns argumentos. Mas, antes disso, que fique bem claro a todos nós que, talvez, exista uma percepção equivocada, que precisa ser, definitivamente, derrubada: velhice e doença não são expressões sinônimas – aliás, nessa direção Aristóteles mesmo escreveu: “Velhice não deveria ser entendida como doença, pois não é algo contrário à natureza”. E fica aqui uma citação bem pertinente ao tema.
Vamos lá – dos argumentos lançados de início, selecionei 2, quais sejam: o fato de, por vezes, o próprio idoso ser etarista, e a necropolítica no contexto do etarismo.
Passo, então, a desenvolver o primeiro argumento. O idoso etarista. Ual… será mesmo que isso é possível?
Bem… há idosos que não aceitam “envelhecer”. Explico: há idosos que, por recomendação médica, já não podem, por exemplo, dirigir – e então vocês acham mesmo que todos os idosos aceitam/obedecem, pacificamente, a essa restrição?
Nem todos… a grande maioria resiste, desobedece.
Há também… e esse aspecto, me parece… mais comum entre mulheres – há mulheres que se submetem a procedimentos estéticos, cirúrgicos, para tentarem “esconder” os sinais da idade, que, sinceramente, acredito, poderiam/deveriam ser aceitos com mais naturalidade. Só para ilustrar, vou à telinha da Globo e trago dali a atriz Fernanda Montenegro, que já passou dos 80 anos. Segundo o que ela mesma diz à imprensa, ela nunca fez nenhuma cirurgia plástica, e se orgulha disso, aceita as rugas, que chegam, às vezes, mais devagar, às vezes, mais depressa, mas, sem dúvida, chegam, quando permitem, para todos… Queridos alunos, é muito bom saber que ainda temos uma atriz que pode não só interpretar, como também viver plenamente a terceira idade… Grande Fernanda Montenegro!
É preciso também dizer que é caso de ageísmo associar a velhice à inatividade. É ageísta a pessoa idosa que se sente um peso à família – quer seja porque, geralmente, não tenha condição de manter as próprias despesas, quer seja porque já não possa contribuir – é o caso daquela avó que, durante uns bons anos, cuidou dos netos e que, de uma hora para outra, já não pôde fazer isso. Percebam – essa pessoa pode – ela própria – entender que, além de não poder mais ajudar, atrapalha… E, daí, a tristeza, o isolamento… e, se a gente puxar a linha, vamos chegar à depressão, ao suicídio tentado, ao consumado…
O segundo argumento que selecionei foi a necropolítica no contexto do etarismo – isso, a meu ver, é o etarismo institucional. Explico: o conceito filosófico da Necropolítica surgiu em 2003, por um filósofo e historiador camaronês, Achilles Mbembe. Os estudos desse camaronês chegam à conclusão de que o Estado, a quem cabe controlar as políticas orçamentárias, de certo modo, determina quem deve viver e quem deve morrer.
E como a necropolítica se aplica, exatamente, ao etarismo?
Vou chegar lá!
Vocês acham que o custo de medicamentos, ao longo da pandemia – dois, três anos – congelou? Não, não congelou. O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais nos dá conta de que medicamentos do aparelho cardiovascular tiveram um reajuste de 92% ao longo da pandemia.
E então era de se esperar que o orçamento para os medicamentos também tivesse o mesmo reajuste, certo? Errado. Isso não aconteceu. Pelo contrário: a verba para aquisição de medicamentos a serem distribuídos gratuitamente caiu de R$ 2 bilhões, no orçamento de 2022, para R$ 804 milhões no projeto de 2023 – um corte de, aproximadamente, 1,2 bilhão.
Poxa vida! E, obviamente, a população idosa é a que mais consome medicamentos… Daí a necropolítica no contexto da Saúde dos idosos – entendem?… quando se compromete o fornecimento de remédios, é EXATAMENTE a vida que está comprometida – logo, é possível inferir que o próprio Estado determina quem deva viver e quem deva morrer. Isso é muito grave. E, infelizmente, é fato.
É comum dizermos que ao redor dos velhos haja… uma certa invisibilidade – mas não fica só nisso – a necropolítica ultrapassa a invisibilidade. Então, vamos admitir: o etarismo é também uma praga institucional.
Pessoal, a argumentação está posta, ainda que, de longe, enxerguemos o contrassenso entre a legislação e a realidade, haja vista casos de completo abandono e maus-tratos a pessoas idosas… Aliás, já há na plataforma um podcast em que discutimos o abandono afetivo aos idosos. Localizem esse podcast, ouçam, por favor!
Desenvolvidos os argumentos, passemos, agora, ao terceiro e último bloco, com a proposta de intervenção social. Vou ler a vocês uma proposta de intervenção que atende aos dois recortes aqui discutidos:
Portanto, para que a prática etarista seja erradicada, é preciso que ministérios, iniciativa privada e educadores ajam em conjunto. O Ministério dos Direitos Humanos deve empreender políticas afirmativas, entre as quais, apelos publicitários, a fim de que seja facilitado o acesso dos idosos a eventos culturais, recreativos e turísticos, como pressuposto a preservar-lhes a autoestima e, consequentemente, a saúde mental, o que deve ser feito por meio de parcerias com expoentes da iniciativa privada. Enquanto isso, os educadores devem promover palestras de conscientização, a toda a comunidade escolar, feitas por profissionais da área psicossocial, com a participação de agentes da Saúde da Família, para conscientizar a sociedade a respeito da urgência em acabar com o preconceito em torno das pessoas idosas.
Então, é isso! Depois dessas considerações, sugiro que vocês escrevam as dissertações. Se for preciso, ouçam novamente o podcast, façam outras leituras e, enfim, preparem-se para a redação do Enem e para a redação de grandes vestibulares. Escrevam, postem as dissertações e, assim que elas chegarem corrigidas, frequentem o percurso de aprendizagem da Plataforma Redigir – lá vocês encontrarão tópicos de gramática e listas de exercícios, sobre os pontos a serem aprimorados nos textos de vocês.
E, antes de nos despedirmos, convido vocês a assinarem o podcast da Plataforma Redigir. Essa dissertação que vocês acabaram de ouvir está disponível no site.
Um abraço e até o próximo episódio!
Confira aqui o episódio anterior.
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