A Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) é a instituição responsável pela elaboração do vestibular da Universidade de São Paulo (USP), considerado o segundo maior processo de seleção universitária do Brasil. E não se engane o candidato: a redação da Fuvest é um dos maiores desafios!
A Fuvest tem apostado em temas de viés social, a partir não só de fatos colhidos da atualidade, mas também de fragmentos reflexivos, filosóficos, sociológicos e até mesmo artísticos. Isso equivale a dizer que o candidato precisa conhecer não só elementos do contexto histórico-contemporâneo, como também noções basilares de outras áreas, com vista a, efetivamente, promover a intersecção entre questões sócio-políticas e Humanidades. Em outras palavras, os temas da redação da Fuvest têm implicações éticas, culturais, sociais e econômicas – daí o caráter dissertativo argumentativo da redação a ser desenvolvida.
A equipe da Plataforma Redigir, sempre atenta, acompanhou de perto eventos e situações factuais significativos, veiculados nas principais mídias do Brasil e do mundo, que trouxeram impactos sociopolíticos capazes de determinar o tema da redação da Fuvest. Um deles é a desigualdade social, que ainda se desponta como um dos temas de maior repercussão, em especial em ano de campanha eleitoral, com reverberações das mazelas provocadas pela pandemia.
“A primeira igualdade é a justiça”, citação colhida de Victor Hugo, estadista e ativista pelos direitos humanos francês, de grande atuação política em seu país, foi o tema escolhido para essa dissertação, nos moldes exigidos pela Fuvest. Além da citação, o repertório escolhido pela dissertadora também é do estadista francês. Confira!
Sem justiça, sem igualdade, sem mesa
Paris, século 19. Desemprego em massa, amotinações – efeito da industrialização. Jean Valjean, protagonista de “Os Miseráveis”, do francês Victor Hugo, furta algumas frutas para os sobrinhos, que passam fome. Resultado do furto: Valjean é condenado a vinte anos de trabalhos forçados. Esse personagem, sem dúvida, é a alegoria de milhões de pessoas que naquele tempo recorriam ao que, no Brasil, hoje, se diz “furto famélico”, ou seja, pequenos furtos que acontecem em situações de fome, os quais não são puníveis.
Do mesmo século, a máxima de Victor Hugo, segundo a qual “a primeira igualdade é a justiça”, é o ideal desejado não só por expoentes da sociedade e da igreja, como também por partidos políticos que, de fato, representam e defendem os anseios populares a si confiados por meio do voto. Entretanto, é forçoso admitir que no Brasil e no mundo as camadas vulneráveis, ao que parece, não são dignas nem da igualdade nem da justiça sociais. Isso porque, ainda que sejam assunto das mais contundentes matérias jornalísticas, funcionam como combustível eleitoral, desenhadas nos mais bem escritos discursos e estimativas de campanhas, sem que, definitivamente, sejam atendidos os reclamos da fome e da miséria generalizadas. Prova disso é que o Brasil conta, aproximadamente, 55 milhões de pessoas, o equivalente a ¼ da população, que estão, socioeconomicamente, abaixo da linha da pobreza; isso sem considerar o contingente daqueles que têm a insegurança alimentar batendo às portas.
No contraponto, a legislação deixa de tributar significativamente as grandes fortunas, o que contribui para que se aprofunde o abismo que separa as classes das castas sociais – as últimas, impermeáveis a mobilizações e a concessões em favor dos pobres e desvalidos. E, quando se fala em pobre, é forçoso admitir que a vulnerabilidade é ainda maior em se tratando de pobres negros – inegável e lamentavelmente, em pleno século 21, eles são potenciais vítimas de repressão e execução policiais, além das injustiças, inclusive, no próprio âmbito do Poder Judiciário, haja vista o elevado número de pessoas que cumprem prisão provisória, à espera de um advogado, cuja nomeação depende dos favores tardios do Estado. Tem-se aqui reverberado o mito dos três Ps: Preto, Pobre e Prostituta são alvos de perseguições, condenações e situações afins.
O mundo pós-Revolução Francesa acreditou nos ideais apregoados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. Contudo, no Brasil, ainda que a Declaração tenha sido expressa e legalmente referendada pela Constituição Republicana, o que impera é a benevolência em torno daqueles que furtam para comer, para os quais não há condenação. Nem mesa farta. Isso se tornou privilégio que, por natureza, é desigual e injusto.
Por Gislaine Buosi
Acesse a íntegra da proposta de redação, aqui:
PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO MODELO FUVEST – “A PRIMEIRA IGUALDADE É A JUSTIÇA”
A gente vai se falando…
Prof.ª Gislaine Buosi
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