O professor insiste: é preciso ler os periódicos, assistir aos telejornais, consultar as Atualidades…
Contudo, é muito comum o aluno dizer que lê, mas…
— Na hora de escrever, dá um branco, professor!
Saiba, então, que há um mecanismo capaz de “desengavetar” informações:
Feito isso, o aluno terá, diante de si, uma gaveta de quinquilharias: muitas coisas serão aproveitadas, outras descartadas – mas o “desbloqueio” aconteceu! O aluno já tem matéria-prima para estruturar o texto dissertativo.
Confira:
Recorte temático 2015: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”
O Enem 2015 propôs o tema “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. De imediato, a surpresa. Mas era preciso enfrentar o tema, até porque não era um bicho de sete cabeças!
Você já sabe: o Enem traz à tona temas palpáveis, os quais, de fato, fazem parte do cotidiano do aluno conectado ao contexto social.
Na proposta de 2015, a estrutura textual estava escancarada: apresentação do assunto + tese; causa e consequência; reafirmação da tese e proposta de intervenção. Obviamente, não caberia ao candidato outro posicionamento, a não ser o contrário à violência contra a mulher – o tema foi certeiro, porque fez 7 milhões de jovens refletirem sobre a problemática que incomoda não só o poder público, mas também os brasileiros em geral.
Foram oferecidos ao candidato quatro textos de apoio: um cartaz de uma campanha contra o feminicídio; um gráfico com dados sobre o tipo de violência cometida contra mulheres, baseado em informações do Disque 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres; uma reportagem que abordava o impacto da Lei da Maria da Penha, além de dados estatísticos do Mapa da Violência.
Além da coletânea de apoio, cujos tópicos frasais poderiam ser aproveitados – atenção: é permitido apropriar-se da ideia, sem, contudo, copiar o texto – o candidato poderia recorrer à operação puxa-ideias, ou seja, às perguntas/à entrevista feita ao tema, cujas respostas seriam facilmente encontradas não só nos textos de apoio, mas também no acervo pessoal do candidato, haja vista o apelo insistente da mídia televisiva e dos jornais impressos acerca do assunto. Não era preciso conhecimento específico para dissertar sobre o tema.
À entrevista para “desengavetar” informações:
O que reza a Lei Maria da Penha?
Quais as penalidades previstas ao agressor?
Quando foi assinada a Lei Maria da Penha?
Em que contexto foi assinada a Lei Maria da Penha?
O que reza a Lei do Feminicídio?
Quais as penalidades previstas ao agressor?
Por que, apesar de ordenamento tão severo, a violência ainda persiste?
Há leis semelhantes em outros países?
Qual a solução possível para acabar com a violência contra as mulheres?Etc.
(Obs.:- Nem todas as informações coletadas serão aproveitadas. A intenção é, de fato, trazê-las à tona.)
Importante: As técnicas da operação puxa-ideias devem ser, realmente, “testadas” – e já! – pelo aluno. Pensar em aplicá-las apenas no dia da prova não é recomendável.
Conheça uma dissertação modelo sobre A persistência da violência contra a mulher:
Com o passar dos danos
Por Gislaine Buosi
“Todo dia ela faz tudo sempre igual/ me sacode às seis horas da manhã.” Com a licença de Chico Buarque de Holanda, mais acertado se transpuséssemos os verbos para o passado. O mundo capitalista ditou o “abram alas” à mulher contemporânea, não só pela necessidade de complementação da renda familiar, mas também pela quebra de obsoletos padrões comportamentais. No Brasil, a presença maciça de mulheres em altos cargos públicos e privados é notória. Entretanto, as páginas de jornais nos dão conta de um sem-número de mulheres violentadas todos os dias, em todos os cantos do planeta – cenas que persistem, malgrado as cartas de leis que revogaram a fragilidade do sexo feminino.
A violência contra a mulher, tanto física quanto moral, é fruto carcomido de um passado repressor, patriarcal, que sujeitava a mulher aos desmandos do homem; retrata o receio de muitos homens, que não é outro senão o de serem substituídos por mulheres, seja nos postos de trabalho, seja na liderança da família, haja vista que elas estão cada vez mais presentes em setores, antes, ocupados por homens, nas três esferas do Poder da República. Somando-se a sujeição enfraquecida e o machismo aviltante, tem-se o maltrato e até o feminicídio, muito embora, desde o século passado, embora haja leis, com respectivas punições que, se de fato cumpridas, grande parte do problema estaria resolvida.
Não fosse o bastante, pontua-se que, debaixo dos ranços machistas – tapas, pontapés, xingamentos, facadas e tiros – cresce o número de processos que têm a mulher como vítima da ação penal. Ainda que esses números sejam expressivos, sabemos que muitas situações são omitidas, uma vez que há mulheres, motivadas ora pelo medo ora pelo constrangimento, que não denunciam a realidade que vivem, o que nos leva a crer que o registro ainda esteja subestimado.
Para que se reverta tal quadro de opressão, são necessárias ações conjuntas. O Ministério da Justiça e Segurança e o da Mulher devem multiplicar as delegacias especializadas no atendimento humanizado às mulheres vítimas de violência, a fim de garantir as prerrogativas da Lei Maria da Penha e da Lei do Feminicício. Isso deve ser feito por meio da implementação das verbas destinadas às pastas aqui mencionadas, com cotas a serem providas pela Lei Orçamentária Anual. Assim, erradicar-se-á do baú de valores a ideia de mulher objeto – fetiche obsoleto de filme sadomasoquista ruim, que já saiu de cartaz.
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Muito comum professores e alunos ficarem excessivamente preocupados em “acertarem” o tema da redação do Enem.
Se as previsões forem certeiras, ótimo!
Entretanto, mais do que adivinhar o tema da redação do Enem, é importante que o candidato esteja preparado para dissertar sobre qualquer tema. Até porque, como já amplamente dito, o tema será extraído do cotidiano e, sendo assim, será conhecido por aqueles que estão, de fato, conectados às questões enfrentadas, não só pelo Brasil, mas também pelo mundo todo.
Mas vale lembrar: Deu branco? Operação puxa-ideias!
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