A correção de Redação do Enem – a regra do jogo
Com atraso indesculpável de alguns anos, o Inep finalmente tomou a decisão que, desde sempre, já deveria ter sido tomada: divulgou, no último dia 26/5, os manuais de orientação para corretores de Redação do Enem 2019. Até aqui, esse conjunto de conteúdos destinava-se exclusivamente aos participantes dos cursos de capacitação do Enem (os quais se comprometiam oficialmente a guardar absoluto sigilo acerca de todo o processo), e cabia ao público geral apenas a Cartilha do Participante, a partir da qual não se podia inferir, exata e precisamente, com qual régua se media, todos os anos, os textos de milhões de candidatos. Essa restrição, indefensável, sempre pareceu esgarçar o limite da transparência, haja vista o fato de que, sem informação confiável, alunos e professores – que, então, não podiam acessar informações reservadas ao clube dos privilegiados – ficavam à sorte do boato e da especulação.
Com essa publicação, ficam disponíveis informações específicas acerca das condições de correção das seguintes competências:
1) Domínio da norma padrão da língua portuguesa;
2) Compreensão da proposta de redação;
3) Seleção e organização das informações;
4) Demonstração de conhecimento da língua necessária para argumentação do texto
5) Elaboração de uma proposta de solução para os problemas abordados, respeitando os valores e considerando as diversidades socioculturais.
Além disso, publicaram-se também as situações que levam o texto à nota zero.
Injustiça corrigida – não sem prejuízos incalculáveis de um sem-número de candidatos –, este é o momento de professores e alunos dedicarem-se à leitura atenta do material. Se é verdade que todos os anos ele sofre mudanças, também é certo que as alterações não são radicais. Portanto, mesmo que a nova edição do curso de capacitação de corretores traga novidades (e sobre elas ainda não se sabe se serão públicas), já é um avanço ter ao alcance da mão as grades específicas de correção de cada competência da Redação do Enem.
Apesar das águas passadas, nunca é tarde para se reparar uma injustiça histórica, que sempre se deu, a propósito, sob pretexto da manutenção da segurança do complexo processo de correção de textos do Enem. Entre outros aspectos, vejam-se, agora, os desvios monocraticamente eleitos como não desvios; vejam-se, agora, as condições de correção do repertório sociocultural (a partir das noções no mínimo idiossincráticas de legitimidade, produtividade e pertinência); vejam-se, agora, as noções particularíssimas de projeto de texto e de autoria; vejam-se, agora, as arbitrariedades do que se convencionou reconhecer como operadores argumentativos, relativamente aos recursos coesivos; vejam-se, agora, sob quais circunstâncias se avaliam as propostas de intervenção social, cujos elementos válidos só podem ser atendidos com acesso à informação privilegiada ou com intuição sobrenatural.
Antes, a desigualdade de acesso à informação também se mostrava nesta face menos óbvia: a do contato, direto ou indireto, mediado ou não, às orientações de correção das redações do Enem. Agora, em que pese o fato de haver outras incontáveis injustiças, pelo menos essa não há mais. Que as próximas edições mantenham a transparência.
Para mais informações, acesse os materiais neste link:
http://portal.inep.gov.br/web/guest/enem-outros-documentos
Gustavo Fechus
Diretor pedagógico e de operações da Plataforma Redigir
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